Just Imagine

PDV Harry Styles

     Passávamos pelo corredor completamente branco, com um silêncio estranhamente amedrontador. Nunca fui do tipo que foge ou tem medo do amor, muito ao contrario, sempre fui o tipo que corre atrás do que ou de quem quer, mas nesse momento me sinto um fraco. Me sinto completamente exposto a ela, exposto a algo que eu não tenho controle, me sinto como se todos olhassem para mim e pensassem "lá vai o idiota que a perdeu de vez" ou "ainda vai tentar babaca? Ela não te quer mais!". Triste a ponto que eu pense em desistir, dar as costas e ir para casa? Talvez... Talvez se eu não dependesse da outra metade do meu coração que está com ela.

PDV (SeuNomeCompleto)

    Eu realmente poderia me lamentar por tudo e pensar em como posso acabar com a minha merda de vida o mais rápido possível, porém algo não me deixa pensar isso. Eu já tentei me enganar, já tentei pensar que só não explodi pelo Liam, ou por ter esperança no meu pai ou ... Quem estou tentando enganar mesmo? É impossível não notar que eu só me mantenho aqui por ele.

    Sinto falta do que fazíamos juntos, sinto falta das piadas bobas, dos apelidos idiotas e das risadas, para ser bem sincera sinto falta até mesmo das "brigas" que acabavam com gargalhadas embaixo da nossa árvore. Eu realmente não entendo como o deixei ir, como pude aceitar tão fácil a saída da melhor pessoa que já entrou na minha vida. 

    O médico que estava me acompanhado já havia entrado na sala duas vezes, quando perguntei quem me trouxe, sempre tentando não tocar do assunto estupro já que eu sabia que eles estavam buscando pelo Senhor Evans, o doutor me disse que estavam o Sr.Payne e o Styles me aguardando. Claro que fiquei paralisada. Eu sabia que ele viria, mas não que seria um dos primeiros.

    A segunda vez que o doutor entrou no meu quarto foi para perguntar o nome completo do meu pai, quando eu respondi ele fez uma careta de pena e me olhou com piedade, perguntei o por que daquilo e ele me disse que meu pai havia cometido uma tentativa de suicídio, e que estava no quarto ao lado. Na hora meu mundo parou e eu congelei, como se tudo passasse em minha mente, cada palavra dolorosamente dita e todos os tapas, chutes, socos, as ameaças, os gritos, os xingamentos, as lágrimas, as magoas... Foi como se tudo o que eu senti em anos voltasse de uma vez, sendo lançado contra mim e me fazendo o ser mais miserável já existente. Não vou dizer que chorei, claro que não, mas o meu peito estava comprimido e eu senti como se mais uma vez uma parte minha estivesse sendo roubada, uma parte dolorosa, mas uma parte de mim.  

    O doutor suspirou e disse que ele ficaria bem, que ele estava reagindo aos cuidados médicos e que tudo daria certo, mas eu sabia que não. 

    -Quer ver alguém? -O doutor perguntou gentilmente.

    -Quero Harry e Liam. -Disse em um sopro, como se fosse apenas um pensamento que havia escapado de meus lábios.

    -Como quiser. -Ele saiu do quarto sem ao menos fazer algum outro ruido.

    Eu estava atônica. Talvez Harry não vinhe-se até o quarto e só tenha vindo ao hospital para demonstrar compaixão, mas quem mais poderia me acalmar? Eu só conseguia me sentir cada vez mais afundada, as lembranças de horas atrás, jogada no chão frio e sujo, pedindo para que aquele monstro parasse, me atormentavam e as lembranças de do dia anterior e das palavras dolorosas de Harry, dos golpes de meu pai estavam doendo ainda mais. Sei que poderia piorar, afinal Harry poderia se negar a vir até mim com Liam ou ...

    -Posso entrar? 

PDV Harry Styles

    Segurei a maçaneta da porta e suspirei pesadamente. O que eu falaria? Ela me ouviria? Ok, eu tenho que fazer isso. Em um impulso eu girei a maçaneta e minha voz saiu mais rouca que o normal, um tanto valha:

    -Posso entrar? 

    Aqueles olhos que tanto perseguiam meus sonhos se viraram para mim, me prendendo a uma espécie de armadilha da qual eu sinceramente sou um refém passivo. Me sinto muito bem amarrado a ela. 

    -Você veio... -Sua voz estava tão baixa e vaga que eu pude logo entender o que se passava ali.

    Não perdi meu tempo falando nada ou me lamentando com ela, corri para seu lado e a abracei forte, sentindo seu corpo relaxar, porém não se mover. Ela não tinha nada ligado ao corpo, tinha apenas um curativo na cabeça, no couro cabeludo, e alguns outros pelo braço, onde pareciam haver cicatrizes que se fizeram também em meu coração só de sentir seu corpo tão frágil contra o meu, enquanto lágrimas começavam a molhar meus ombros e seu fungado e soluços se faziam mais altos. Minha pequena garota, minha pequena princesa... Só Deus sabe como eu roubaria aquela dor para mim apenas para vê-la sorrir agora.

    -Eu... -Ela começou, porém me afastei, preparado para manda-la calasse- Me deixa falar Hazza, por favor! -Ela me abraçou dessa vez mais forte ainda, mantendo seu rosto afundado em meu pescoço- Eu estou me sentindo suja, eu me sinto envergonhada só de pensar que alguém fez o que fez e que todos sabem. Harry, ninguém nunca me amaria, ninguém nunca amaria alguém como eu se soubesse o quão podre tudo isso é, e agora eu tenho a certeza de que ninguém vai se sentir bem comigo porque eu ... eu me perdi Hazza, eu me perdi mais uma vez e dessa vez eu não sei como voltar. -Ela chorava cada vez mais e meu coração não poderia estar mais apertado- Me desculpa por tudo, eu sei, eu sei que eu acabei com tudo e ... desculpe Harry, mas eu te amo!  
   -(SeuNome)... -Tentei falar, mas ela não deixou.

   -Fica quieto por favor! -Ela me apertou ainda mais- Eu escrevia todas as noites pensando em você, escrevi dezenas de cartas para você, sempre pensando que jamais iriamos nos ver de novo e eu realmente não me lembro do que cada uma dizia, mas eu lembro de uma coisa que eu escreveria agora... Você ainda tem a metade de mim Hazza. E mesmo que o próximo verão acabe, você ainda estará levando a metade de mim. E eu te amo muito e eu ...

PDV (SeuNomeCompleto)

    Finalmente estava conseguindo colocar tudo aquilo para fora, falar o que estava entalado aqui dentro, mas Harry não me deixou prosseguir, ele simplesmente afastou minimamente nossos corpos, se segurando com uma das mãos nas barras que rodeavam a cama e com a outra segurou firme em meu rosto, me fazendo olha-lo nos olhos, aqueles olhos verdes nos quais eu sempre ficava imersa e quais eu classificava facilmente como os olhos mais belos que já vi na vida, e assim ele selou nossos lábios.

    Clichê sim, mas eu só posso descrever dessa forma: O tempo parou, borboletas pareciam voar no meu estômago e na minha mente só apareciam aquelas imagens sem nexo, coisas como os seus olhos, sua boca rosada, as covinhas, o sorriso tão infantil e tão predador, os cachos, o nariz, a piscada sexy e deplorável, e ... céus! Sua boca era ainda mais doce do que eu me lembrava, era como a junção de todos os melhores sabores que você pode pensar, com um leve saber de menta que não me deixava pensar em parar para tomar folego. Sua mão que estava na cama foi para minha cintura, a pressionando de uma forma gostosa, enquanto a outra ainda acariciava meu rosto de uma forma tão leve que se confundia com a brisa que atravessava a janela. A quanto tempo não me sinto assim? A quanto tempo não tenho a sensação de estar completa novamente? A muito tempo suponho...
   Senti seu corpo tomando distância, mas o meu medo gritou em minha mente para não deixa-lo se separar, não agora. Minhas mãos que estava repousadas nas laterais de meu corpo foram rapidamente para sua cintura e subiram pelo seu corpo, passando pelas costas largas e chegando a sua nuca, onde meus dedos se entrelaçaram em seus cachos tão amáveis, e eu o puxei mais uma vez para mim, o beijando novamente e sentindo um sorriso brincar nos lábios que eu tanto amava.
   Quando o ar estava realmente me faltando eu o selei pela última vez e abri meus olhos lentamente, constatando que ele já estava com os seus vidrados em meu rosto. Fiz o mesmo que ele e fiquei paralisada quando seu sorriso se alargou mais ainda e minhas pernas pareceram pinicar, como se ele tivesse uma ligação direta com todo meu corpo. Como alguém pode fazer isso sem ao menos perceber?
   -Eu quero que você ouça algo. -Sua voz rouca passou de seus lábios para meus ouvidos, me fazendo sorrir de leve.
   Harry se afastou e pegou no bolço da calça skinning preta seu Iphone. Pensei em alerta-lo que não poderia entrar nos quartos com o aparelho, mas parei quando o vi conectando os fones de ouvido e colocando um dos mesmo em seu ouvido, trazendo o outro para um dos meus e procurando algo em uma das suas infinitas playlists. Meus olhos não abandonavam de forma alguma seu rosto e isso poderia parecer engraçado se não fosse um momento aparentemente tão tranquilo. Aquilo duraria por mais quanto tempo?
   Meus pensamentos novamente foram cortados por uma melodia baixa, o toque fraco de um violão que eu logo imaginei sento tocado por Niall enquanto Harry escrevia algo em uma folha amaçada que estava por perto, assim como ele sempre me disse que gostava de compor.