Just Imagine

   E agora onde foi parar todos os nossos sonhos? É aqui na minha cama que eu penso em tudo o que era para estar acontecendo e choro. Hoje eu deveria estar lhe entregando flores, deveria estar falando o quanto queria que ela ficasse, eu quebraria todas as barreiras essa noite e diria que isso é apenas certo. Mas agora não há palavras e nem a quem dizer.
   Hoje eu a vi. Estava com minha mãe, Pattie, no mercado próximo a nossa mansão, estava totalmente coberto pelo capuz preto e com os óculos escuros, somente para disfarçar meu rosto das fãs, tudo parecia bem, tirando o fato de que faltava algo em meu peito. Olhei em volta e me perguntei o que estava fazendo ali, mas quando perguntei em voz alta me arrependi, já que a dona Pattie quase me estapeou, falando que se eu estava pensando que ela me deixaria sozinho e com fome na virada de ano, eu estava errado. Lembro-me de suspirar e ir me arrastando até a parte dos doces, porém parei logo no início do corredor, olhando um casal que se beijava bem ali, para quem quisesse vê-los.
   Eu nunca pude mostra-la para o mundo como eu queria, nunca pude beija-la em público, mas agora parece que ela achou quem poderia fazer isso, alguém que estava recebendo os delicados beijos que deveriam serem meus. Voltei ao encontro de minha mãe e não desgrudei mais dela, como se tivesse medo de me perder, porém só tinha medo de desabar na frente de todos.
   E o que eu faço com a eternidade agora?
   Bem, estou sentado na minha cama, olhando para o buquê de flores que pertenceria a ela essa noite e eu posso ver as flores murchando a cada segundo, em câmera lenta. Mas para mim é melhor olhar as flores morrendo do que fechar meus olhos e revê-la o beijando, passando repetidas vezes em minha mente.
   -E O QUE EU FAÇO COM O PARA SEMPRE AGORA?! -Gritei arremessando o buquê para a parede, vendo as rosas vermelhas se espalhando pelo chão.
   -O que houve Justin? -Minha mãe bateu na porta- O que está acontecendo Justin?!
   Acho que estava enlouquecendo, porque desde que ela se foi eu só consigo ouvir a sua risada ecoando na minha mente, as palavras doces que ela me falava a noite, falando do nossos planos... E para onde foram todos os nossos planos agora? Me conte o que eu faço enquanto a vejo beija-lo como me beijava! Tudo o que ela falou não aconteceu, todas as coisas que ela me disse que aconteceria não aconteceu! O que eu faço agora? O que eu faço agora? O que eu faço agora?! Alguém me diga o que eu faço com a eternidade agora! O que eu faço agora?
   Tudo estava embaralhado, eu ainda me encontrava olhando as flores e minha mãe desistiu de bater em minha porta, provavelmente voltando para seus convidados na grande sala, todos esperando a virada de ano.
   Coloquei uma camisa cinza com a gola "V", uma calça moletom e fui para a cozinha com os pés descalços mesmo. Quando cheguei a sala, parando no fim da escada, todos me olharam, com olhares confusos e piedosos. Não segredo para ninguém que eu preciso dela aqui.
   -Hey' dude o que aconteceu contigo? -Chaz veio até mim- Cadê seu swag hein? -Ele perguntou fazendo graça, mas eu não conseguia ao menos sorrir.
   -Aaah man' sei lá. -Dei de ombros- Só desci para beber algo, mas já estou voltando para o quarto. -Disse abaixando a cabeça envergonhado.
   -Pare com isso, ergue essa cabeça. Já fazem dois meses que vocês terminaram e você mesmo disse que foi quem pediu o tempo. -Ele me acompanhava até a cozinha, onde já não havia ninguém.
   -Claro que fui eu Chaz! -Vociferei enquanto abria a geladeira e pegava uma garrafa d'água- Tente ver a garota da sua vida chorando a noite por você não poder assumi-la, ai você pensaria o que? Que seria menos doloroso se você a deixa-se livre, para seguir a vida e sorrir mais, mas o que você nunca esperaria é vê-la com outro! Dando a outro o que era para ser seu! Eu a amo ok? Isso não vai mudar!
   -Ok man' eu só tava tentando ajudar! -Ele ergueu os braços, como se estivesse se rendendo.
   Neguei com a cabeça, revirando os olhos e fui me arrastando rumo a sala. Será que ninguém entenderia a minha dor? Quando chegamos a sala minha mãe correu até mim, com um sorriso nos lábios.
   -Meu anjo, tem alguém aqui querendo te ver! -Ela segurou meu rosto com suas mãos, arrumando meu cabelo como podia, me fazendo ficar irritado.
   -Não quero falar com ninguém mãe, manda voltar outro dia, ou me ligar amanha, sei lá! -Disse tirando suas mãos de meu rosto.
   -Mas meu querido essa é visita que você vai gostar de receber! -Eu olhei em volta, procurando a tal pessoa e murmurando um "quem?", enquanto me deparava com sorrisos no rosto de quase todos que estavam ali- Querida, pode entrar!
   Olhei para a porta pensando com uma certa ironia "que mistério legal hein", mas quase me bati quando a vi  passando pela porta, com seus cabelos soltos, o olhar com uma leve sombra dourada, a boca com um gloss rosado, eu sabia que era de morango e também sabia que ela estava com uma lingerie preta, apenas por conhecer a sua mania de combinar as roupas com as roupas intimas.


   Eu não sabia o que fazer, estava me sentindo um idiota com todos aqueles olhares sobre mim, mas o que me afetava are o seu olhar sobre mim, medindo meu corpo por inteiro e parecendo não acreditar no meu estado, não que eu estivesse com algo de errado, mas qualquer um veria que aquele não era um dos meus dias, pelo menos não até agora.
   -(SeuNome)? -Eu deveria parecer patético, mas qual é? Eu só queria entender o por que dela estar ali e o por que do meu coração estar batendo tão rápido. Que saudades dessa mulher meu Deus!
   -Justin, eu ... -Ela parecia também tentar achar as palavras, porém estava difícil para os dois.
   -Eu a chamei aqui Justin, é ridículo o que você está fazendo com o amor de vocês filhos! -Pattie deu um passo a frente, ficando entre nós e fazendo todos os cochichos pararem- Eu não aguento mais ver você se arrastando pela casa filho, não aguento mais te ver chorando e agindo como se tudo estivesse perdido porque você pode mudar tudo isso! Eu me encontrei hoje com a (SeuNome) e a contei tudo, a liguei depois de passar no seu quarto e pedi para que ela viesse porque vocês tem que conversarem!
   -Chega né mãe? -Eu a olhei com raiva. udo bem que ela estava certa, mas eu não passaria por isso na frente de todos! Ela já seguiu em frente e não precisa saber que eu continuo aqui- A (SeuNome) já tem outro namorado!
   -O que? -Ela me olhou confusa- Enlouqueceu? Eu não tenho ninguém!
   -Não adianta mentir! Eu já sei, ok? Eu vi vocês dois hoje, eu vi vocês se abraçando e ... eu vi o beijo! -Disse olhando com um certo rancor para ela e isso todos puderam ver- Não precisa ter pena de mim! Eu estou bem! Vai com o seu namorado que ele deve estar te esperando.
   Todos me olhavam como se falassem "por que está agindo assim?", mas ela sabia! Ela me olhou nos olhos e suspirou pesadamente, desviando o olhar.
   -Justin, não é ... -Eu a cortei.
   -Tá tudo bem (SeuNome)! -Eu quase gritei, não queria ouvir de sua boca que era tudo mesmo verdade- Eu gostei de saber, tá? Eu já não me importo! Que você seja muito feliz com ele, que você siga em frente mesmo e ache quem te ama!
   Todos arregalaram os olhos. Que porr@ eu estava falando?! Vi seus lindos olhos amarejando e logo uma lágrima desceu por seu rosto e eu não poderia me sentir pior... Por que ela estava chorando?
   -Ele não é meu namorado. -Ela abaixou a cabeça, mas eu via claramente as lágrimas.


   -E o que ele é?! -Eu tentava manter a voz, mas sou fraco de mais para vê-la chorar e logo cheguei mais perto- Não chora, você sabe que eu não consigo vê-la chorar!
   -O que você queria hein Justin?! -Ela levantou o rosto e agora eu via uma certa raiva em seu olhar, misturada a tristeza- Você terminou comigo do nada, dizendo que o problema não era eu, era você e ... Que desculpa é essa?! Nem para pensar em algo mais justo? Você pisou em tudo o que eu sinto, você terminou como se não se importasse e agora joga na minha cara que não se importa mesmo! -Ela me afastou de seu corpo, usando suas mãos tão delicadas- Sabe Justin, eu te amei tanto! Eu passei pelas piores dores por você, eu fui julgada por meio mundo e para mim estava valendo a pena, afinal eu tinha você aqui comigo, mas ai você terminou tudo e eu percebi que o que falavam era verdade. Você nunca me amou mesmo, você apenas estava procurando alguma diversão, não é? Pois bem, aqui está o final da diversão! Eu ainda te amo como sempre e aquele cara'... Justin, ele é aquele meu vizinho que eu sempre te disse, o que era filho mais novo da minha vizinha e que sempre vivia me perseguindo e falando que me amava, aquele pirralho me enganou! Ele estava me enchendo o saco desde que voltei a morar no meu apartamento e hoje aquela peste me pediu que eu lhe desse um beijo e ele pararia de ficar ligando toda madrugada na minha casa e também pararia de correr atrás de mim. Eu o beijei, mas hoje a noite ele apareceu na minha porta perguntando se eu queria namora-lo, eu o expulsei e quando a Pattie me ligou eu estava falando com a mãe dele. Justin, ele tem 13 anos! -Ela dizia exasperada, e todos arregalavam ainda mais os olhos, principalmente Chaz que estava aguentando a risada.
   Ela sempre me falava dessa maldito pirralho, desde que ela veio do Brasil que ele sismou que a amava e ela tinha pena dele, afinal quando se tem um garoto de 13 anos apaixonado por uma garota de 19 chega a ser engraçado mesmo, mas eu nunca tinha visto ele e ... ELE NÃO PARECIA TER 13 ANOS!
   -(SeuNome), me desculpa eu não queria... -Eu me parei. O que poderia falar? Eu mais uma vez fiz merda e agora a minha menina estava bem ali, chorando e me olhando com ódio.
   -Não queria me magoar, me achou uma garota legal, mas infelizmente não me ama? Tudo bem Justin, bastava apenas você ter falado! Não precisava vir com mil desculpas, não precisava me colocar como a vilã dessa história porque quem mais perdeu aqui fui eu!
   -Meu amor ... -Eu tentava tomar folego. O que eu faria?- Eu... Eu me importo sim! -Eu tentei chegar mais perto, porém ela deu um passo para trás- Me ouvi amor, eu te amo! Eu sempre te amei desde que te vi minha brasileira linda! -Ela me olhava descrente- Eu só fiz aquilo porque te ouvia chorando, eu sabia que você estava se machucando muito nisso e eu apenas me senti culpado porque eu estava acabando com você aos poucos e eu não posso te ver chorando, eu não consigo meu amor. -Passei as mãos pelos cabelos desesperado, eu tinha que mostra-la que a amava, que a queria mais que tudo de volta- Eu estava sim mal ok? -Olhei em volta e encarei cada um dos olhares surpresos- O que foi? Todos aqui sabem disso! Eu só sou orgulhoso de mais, mas todo mundo pode ver que eu preciso de você e não vou mais ficar calado! Eu te amo, eu achei que seria justo com você se te desse a chance de viver sem mim, sem toda essa pressão, mas eu esqueci de pensar como seria ficar sem você e ... doí, doí muito viver sem você. Volta para mim pelo amor de Deus! Eu não quero mais me sentir doente, cansei de ver tudo preto e branco, cansei de me perguntar o que fazer! Por favor, me dá uma chance?
   Eu vi seu olhar indeciso, rondando pelo comodo e tentando pensar em algo, eu a conhecia o suficiente para saber que ela se encontrava em uma batalha interna.
   -Eu te amo, não faz isso comigo por favor. -Apelei mais uma vez.
   -Eu também te amo! -Antes que eu pudesse sorrir, pensar em algo ou qualquer coisa, já a sentia colada ao meu corpo, em um abraço apertado do qual eu não queria me separar.


   -E-eu ... -Ela tentava falar, mas suas lágrimas a atrapalhavam, enquanto eu enxugava uma ou outra que me escapava, ouvindo todas aquelas pessoas batendo palpas e meu amigo idiota começando a reclamar, querendo ouvir o que nós diríamos- Eu senti tanto a sua falta Jus, senti tanto medo de nunca te ter de volta! -Ela ainda chorava muito.


   -Não importa o que aconteça, não vai ser um rio de paparazzis e nem um pirralho problemático que vai nos separar. -Ele me afastei com calma e segurei seu rosto em minhas mãos- Para de chorar, vamos meu amor, eu estou aqui, certo?


   -Anjos não choram. -Eu disse sorrindo de leve- E muito menos o meu anjo.
   Ela sorriu com aquilo e fechou os olhos, para controlar suas emoções, mas eu não poderia esperar mais para aquilo, então coloquei uma das minhas mãos em sua cintura e a puxei mais para mim, aproximando nossos rostos ainda mais e selando seus tão doces lábios.


   Seus lábios teriam gosto de morando, se eu fosse avaliar rapidamente com base no seu gloss, mas quando se aprofundava o beijo como nós aprofundamos e se tinha aquela intimidade que nós criamos durante um ano e meio de namoro, eu sabia muito bem que aquele era apenas o seu gosto natural, que tinha muita doçura, mas também tinham uma pitada de desejo. Eu senti muito a falta disso, senti falta de tudo o que vinha dela e mal acreditava que estava mesmo com a minha Pequena em meus braços novamente e ainda faltando apenas duas horas para acabar o ano!