Just Imagine

PDV Zayn Malik

"Alone inside

Sozinha aqui dentro

I can only hear your voice

Eu só consigo ouvir sua voz

Ringing through the noise

Soando através do barulho

Can't fight my mind

Não consigo lutar contra a minha mente

Keeps on coming back to you

Continua voltando para você

Always back to you

Sempre volta para você"

"Until You're Mine" - Demi Lovato

-Dois meses depois...

   Hoje é sábado, finalmente! Depois de um mês na faculdade eu já pude constatar uma coisa: Preciso de férias. Ri desse pensamento preguiçoso e me levantei da cama, encarando a janela a minha frente, dando visão ao que eu descobrir ser o quarto de Liam. 

   Fazem dois meses que eu não o vejo, nem mesmo de longe. Já tentei dar algumas desculpas para vê-lo, já tentei ir a sua casa com pretextos idiotas, mas sempre sou barrado, ora pela vergonha, ora por minha mãe, que sempre aparece no momento errado, ou talvez no certo.

~Memorias ON~

   -Mãe, o que aconteceu com Liam? -Perguntei enquanto assistíamos um filme qualquer. Meu pai estava na garagem e as meninas na cozinha.

   -Como assim? -Senti seu olhar em mim, mas mantive o meu na TV, não quero que ela perceba o meu confuso interesse em Liam.

   -Sabe, todos falam dele como se ele fosse doente e ... Não sei, eu apenas queria saber o porque. -Dei de ombros despreocupadamente, mas a olhei de canto de olho, ansioso para ouvir algo.

   -Liam já sofreu muito na vida Zayn, e até hoje sofre. -Ela estalou a língua, como se lembrasse de algo- Ele... -Ela se interrompeu, fazendo uma onda de curiosidade crescer em mim- Ele é especial, eu acho. Mas não posso falar muito disso, o certo é que ele mesmo conte um dia. Liam não gosta que falem dele e isso chega a ser falso. -Ela concluiu se levantando do sofá e indo para a cozinha com as meninas.

~Memorias OFF~

   Aquilo rondava minha mente, na verdade Liam corria pela minha mente e eu não conseguia controlar isso. Apenas sentia algo diferente, mesmo no barulho das pessoas conversando ao meu redor nos corredores da faculdade, eu conseguia ouvi-lo me chamar.

   Cheguei a me pegar chorando em uma noite apos ter um sonho com Liam. Sonhei que nós andávamos de mãos dadas aqui mesmo pela rua, e o pior foi que eu claramente o chamei de "baby" e isso me fez acordar com uma dor no peito. Eu chamei apenas Perrie assim e ... Perrie... Perrie ainda aparecia vez ou outra em meus pensamentos, mas com menos frequência que antes e isso me fez pensar e pensar. Me peguei questionando o seguinte: Quando em minha vida eu me importei tanto com Perrie como me importo com Liam? 

   Pronto, foi após receber um "nunca" em resposta que eu desabei no choro. Isso não poderia estar acontecendo! Não comigo!

   Eu sempre tive a mente bem aberta, até mesmo já retratei um casal lésbico em uma pintura, mas isso não. Eu sentia saudades de ver os olhos de Liam, estava com saudades de apenas entrar em sua presença e isso foi como um soco no estomago. Nada de coisinhas bonitinhas, nada disso, apenas o medo de estar mesmo me apaixonando por um cara'.

   Com esse pensamento me corroendo eu varri a gaveta no criado-mudo com as mãos, até pegar uma foto minha e de Perrie nos beijando. Aquela foto foi tirada no dia em que eu soube que passei na entrevista da faculdade, era uma bela foto e sempre quando a via sentia vontade de voltar no tempo e agarrar Perrie em meus braços novamente, mas quando passei meus olhos pela imagem não senti nada, era como pegar uma foto qualquer de qualquer outro casal e olhar, eu simplesmente não conseguia me enxergar ali. Como se zombando de mim, minha mente fez com que eu imaginasse: Mas e se fosse Liam ali? Ai sim eu arregalei os olhos e pus a foto em seu lugar novamente, a empurrando para o fundo da gaveta.

   -Que merda é essa? -Murmurei para mim mesmo, chacoalhando minha cabeça e seguindo para o meu banheiro.

   Depois de toda minha higiene feita, topete perfeitamente arrumado e com o cheiro do perfume novamente impregnado em minhas roupas, desci as escadas e me deparei apenas com as menianas ali.

   -Cadê o pai e a mãe? -Perguntei com uma sobrancelha erguida.

   -Foram ao mercado. -Doniya disse sem desviar o olhar do jogo de vídeo-game que travava com Waliyha.

   Deixei de lado e continuei meu caminho para cozinha. Tomei meu café normalmente, pensando em um trabalho que eu tinha que fazer para a faculdade, a pesquisa sobre o artista que eu desejava seria a primeira parte, mas é obvio que logo meus pensamentos foram tomados por Liam. E foi bem nessa hora que o telefone toca.

   -Eu atendo! -Avisei em voz alta, pegando o telefone de linha única, e atendendo- Alô?

   -Yasser? -Uma voz feminina respondeu.

   -Não, aqui é o Zayn. -Respondi me encostando na parede, já que o telefone era fixado a mesma- Algum recado?

   -Ôh Zayn! -A moça sorria, eu sabia disso- Aqui é a Karen querido. -Ela disse e eu sorri de leve.

   -Ah, oi Karen! Por que está ligando? Você mora em frente! -Dei uma leve risada.

   -Olhe Zayn, poderia me fazer um favor? -Ela me pareceu aflita, sem nem responder minha pergunta, então respondi só um "claro"- Então, eu e Geoff tivemos que viajar, estamos na casa da irmã de Geoff que teve seu filho, mas Liam não quis nos acompanhar. -Ela suspirou e eu me senti repentinamente interessado em ouvi-la- Tentei ligar para ele e Liam havia me prometido que atenderia todas as ligações e ele não é do tipo que some assim, mas foi isso! Ele não atende o telefone desde ontem a noite e eu estou preocupada. Pode ir até lá e ver se ele está bem? Por favor querido. -Seu tom beirava o desespero e aquilo quebrou meu coração, porque eu imaginava minha mãe naquela situação, mas... O que será que aconteceu com Liam?
   -Okay Karen, eu estou indo para lá agora mesmo e ligo do meu celular quando souber o que houve, mas não se preocupe. Aposto que ele apenas não ouviu o telefone ou algo assim. -Tentei amenizar seus nervos, mas acho que ela notava que ate mesmo eu estava me controlando.
   -Obrigada Zayn, você é um ótimo garoto. Me ligue por favor e fale para Liam me atender em nome de Deus!
   Fiquei em silêncio e logo a ligação se deu fim, quando eu coloquei o telefone no gancho e senti minhas pernas tremerem. Eu tinha que chegar rápido ate Liam e sentia isso.
   -Garotas, estou indo a casa dos Payne, já volto é coisa rápida, mas caso a mãe e o pai chegue falem onde eu estou. -Disse colocando o casaco pesado sobre mim, sem me importar muito do quão amarrotado ele estava, e logo fechei a porta, ouvindo um coro de "tudo bem" em resposta.
   Caminhei com presa ate sua porta, toquei a campainha e nada, bati na porta e nada, voltei a pressionar meu dedo indicador na campainha, sem tira-lo dali por alguns segundos, mas ele não atendia. Onde estava Liam?
   Já estava entrando em desespero, ninguém nunca me disse o que havia com ele, mas a voz de sua mãe preocupada estava atordoando minha mente, fazendo com que eu imaginasse diversas cenas, porém nenhum agradável.
   -LIAM! LIAM! ABRE A PORTA POR FAVOR! -Eu berrei sem me conter.
   Sabia que poderia estar exagerando, mas a dor em meu peito dizia que eu estava fazendo muito pouco, deveria insistir mais, deveria acha-lo rápido.
   -Merda! -Murmurei chutando com raiva o próprio chão.
   Estava pensando no que gritar para ele abrir a porta, até que tive uma ideia melhor. Fui até seu jardim e o contornei, chegando a parte de trás da sua casa, onde haviam apenas plantas e uma grande árvore, que tinha galhos por todos os lados. Eu sabia que era arriscado de mais, mas eu faria isso. Vi que um dos galhos tinha altura suficiente para que eu chegasse em uma janela, com um pequena varanda que eu sabia ser a do quarto de Liam, já que era a mesma que eu via de meu quarto. Suspirei e comecei a subir pela árvore, rezando que ninguém me visse ali e chamasse a policia, rezando para que Liam não chamasse a policia para ser sincero. Quando cheguei ao galho notei que ele era mais fino do que aparentava e então o medo me atingiu.
   -Vamos Malik, faça isso de uma vez! -Dei a ordem a mim mesmo.
   Fechei os olhos e respirei fundo, fiz uma contagem mental e me coloquei de pé no inicio do galho, sentindo-o tremer, respirei novamente e fixei o olhar na sacada. É agora!
   Apenas senti meus pés se movendo rápido de mais pelo galho e meu corpo se lançando em direção ao concreto, enquanto estremecia pela dor que me atingia e o som do galho se chocando ao chão passava por meus ouvidos.
   -Consegui! -Suspirei aliviado, firmando minhas mãos sobre a sacada e usando a força de meus braços para me ergue e passar uma das pernas para dentro da casa, logo passando e outra e pronto- Eu sou muito foda.
   Deixei meu orgulho um pouco de lado e me preocupei em achar Liam, mas... e se ele apenas tivesse saído, dormido fora ou algo assim?
   Parei de me torturar mentalmente e segui para fora do quarto, arrastando meus pés pelo corredor escuro e quando cheguei próximo ao início da escada ouvi o que mais temia: Os sons do choro e dos soluços. Desci as escadas com calma, tentando não fazer barulho, chegando ao último degrau eu olhei a sala como um todo e não vi nada ali, ate dar mais três passos e ver um amontoado de cobertores no sofá fui até lá e vi que tinha alguém encolhido ali com o cobertor sobre si.
   -Liam... -Minha voz saiu quase como um sussurro, enquanto eu afastava o cobertor e encarava a cena que com certeza se marcaria em minha mente para sempre.
   Meu coração estava sendo cortado com uma faca cega.