sábado, 6 de setembro de 2014
Keep Secret (Segunda Temporada) - Capítulo IV
Capítulo IV
Hanna: Não dá pra acreditar que Emily nos mandaria
para cá sabendo que corríamos risco de acabar nessa cela escura e fedida
aguardando a morte! – lamuriou.
Jessie: Pois é, não dá pra acreditar em muita coisa
nas nossas vidas, mas a principal é na nossa falta de sorte... – o tom dela era
irritadiço.
Nah: Emily não nos mandou aqui, ela só nos contou
sobre o lugar, e ela nunca disse: “caso precisem, vocês podem ir até lá” eles
nos prenderam porque acham que temos culpa na morte dela. E fiquem calmas,
vamos conseguir sair dessa. – ela focalizou em sua mente o rosto da garota da
praça.
Mi: Não tenho tanta certeza... – suspirou
pesadamente enquanto seus olhos ficavam desfocados.
Anne: Você viu alguma coisa? – ela e as demais vampiras
encararam Miley ansiosamente.
Mi: O salão dos Malum, lotado de bruxas e bruxos, e
uma enorme poça de sangue no chão... Um silêncio funesto instalou-se na cela,
as vampiras se entreolharam, todas pensavam a mesma coisa: estavam certas de
que o sangue derramado sobre o chão do imperioso salão Malum era o delas.
~ X ~
A bacia de água foi colocada as pressas na mesa, as
velas foram acesas com um estalar de dedos, coisa que antes ela jamais
conseguiria fazer com essa facilidade. As cortinas da cabana foram fechadas com
um vento misterioso, causado por ela. Logo o cômodo estava totalmente escuro, a
não ser pela luz que irradiava das velas.
Kyah: A água é a fonte da vida, a essência do mundo,
o princípio e o fim. – sua voz soou tão firme como nunca havia soado antes,
isso lhe deu a certeza de que ela a estava ajudando. – Água, conecte-me a
Althea!
Com o dedo ela tocou a água no recipiente, a
principio nada aconteceu, mas poucos segundos depois a água agitou-se
minimamente, e então a imagem tremeluziu, mostrando Althea na casa da Ilha
Trevellyan.
Kyara: Althea? – ela chamou incerta de que seria
ouvida. Com a expressão surpresa, a bruxa virou-se na direção dela.
Althea: Kyara! - ela correu para perto da imagem
translúcida da bruxa.
Kyah: Althea, não tenho muito tempo, os Malum
pegaram as vampiras, eles as culpam pela morte dela.
Althea: Chego aí em alguns minutos. E pare de
canalizá-la! -A bruxa mais velha ergueu a mão e agitou-a em sua imagem
holográfica dissolvendo-a e assim encerrando a conexão.
Kyara sentou-se pesadamente no chão, respirando com
dificuldade, a energia que antes a fortalecia agirá a estava enfraquecendo. Se
continuasse ligada a ela, seu corpo mortal não resistiria.
~X~
O vento não passava de uma brisa fresca que lhe
agitava os cabelos levemente e passava por sua pele como uma carícia lânguida.
O sol brilhava, mas não aquecia, porém isso não era de grande valia, já que
naquele mundo ela não sentia frio, nem calor. Seu corpo estava suspenso no ar,
deitado tranquilamente enquanto ela se concentrava, sentiu a pressão em seu
peito ceder, e então soube que seu poder não estava mais sobre uso. Lentamente
seu corpo foi baixando, até ela estar deitada sobre a relva úmida de
orvalho.
Xxx: você tem de parar com isso criança. - a voz
anciã lhe chegou aos ouvidos repreensiva.
Xxx: não preciso de seus conselhos Malum. -
respondeu rudemente.
Xxx: é por não ouvir os Malum que você está morta
Emily Trevellyan.
Emy: E é por ter a língua cumprida que você está
morta, Christine Helix. - devolveu acidamente.
Emily continuou deitada e fechou os olhos. Ela não
sabia como seria após a morte, mas não imaginou que fosse algo como aquele
lugar, o mundo dos mortos era dividido em "setores" todos com as
características de cada "espécie". As bruxas ficavam todas naquele
"setor" o que tinha mais elementos naturais que qualquer outra coisa,
os vampiros ficavam na área mais sombria, onde era sempre noite e os humanos
ficavam num lugar que se assemelhava muito a uma cidade de interior com casas
simples e muita natureza. Não havia pilhagem ou violência nos setores das
bruxas e humanos, já no dos vampiros, bem, imagine o inferno e multiplique por
três, é, agora você tem uma vaga noção.
Chris: Touxe, Trevellyan – ela sorriu como se fosse
uma mãe orgulhosa.
Emy: Diga logo o que quer e vá embora, Christine. –
sua voz soou cansada e ela realmente o estava, não fisicamente, afinal mortos
não se cansam, mas psicologicamente, estava cansada de estar naquele lugar.
Chris: Baixe a guarda, não te procurei para brigar,
vi o que você estava fazendo. - sua voz soou repreensora. - ligou sua alma a
dela antes de morrer, isso é crueldade.
Emy: necessidade. - corrigiu calmamente. - ela é
minha passagem de volta. Já que não tenho outro Trevellyan.
Chris: Talvez você devesse considerar que os mortos
devem permanecer mortos, Emily. – os olhos da bruxa a estudaram calmamente.
Emy: Se pudesse, você também voltaria, aposto. – o sorriso
no rosto de Emily era desafiador.
Chris: Sim, verdade, eu voltaria. – sentou-se ao
lado de Emy. – mas eu voltaria apenas por um propósito.
Emy: E qual seria ele? – estudou a outra com olhos
curiosos.
Chris: Você e todas as outras bruxas do mundo bem
sabem que uma de minhas ancestrais por volta dos anos vinte antes de Cristo
abençoou a linhagem Hélix com a imortalidade. – começou encarando o céu azul.
Emy: Sohara Hélix. – confirmou confusa, afinal onde
a Malum queria chegar?
Chris: Sim, e certamente sabe que é por isso que nos
tornamos a autoridade bruxa, os Malum, por termos mais conhecimento histórico,
afinal vivemos a história.
Emy: Sim, sim, não enrole. – fez voz de tédio.
Chris: Mas o que ninguém sabe, senhorita Emily
Trevellyan, é que um Hélix só pode ser morto pelas mãos de outro de sua
linhagem direta. – os olhos da velha bruxa estavam perdidos em memórias
antigas.
O silêncio abateu-se sobre elas, Emily analisou o
que acabara de ouvir, se o que ela lhe contava era verdade, então... Linhagem
direta, a linhagem de Christine era Lynda Hélix, sua filha, isso significava
que...
Emy: Lynda a matou – ela sussurrou desacreditada,
como ela teve coragem?
Chris: Lynda sempre foi gananciosa, sempre quis cada
vez mais do que tinha, e quando descobriu que um Hélix só atinge seu poder
pleno depois que o anterior morre ou lhe da permissão para tanto ela quis isso,
pediu a minha benção para ter seu poder máximo, mas eu vi maldade em seu
coração, vi as coisas que ela planejava fazer quando tivesse o poder máximo. –
sua testa franziu-se em angustia, e pela primeira vez Emily sentiu pena daquela
mulher. – Eu neguei, disse a ela que não lhe abençoaria enquanto ela não fosse
purificada dos desejos sombrios em seu coração, então ela planejou minha morte,
e a concretizou.
Emy: Isso é... insano. – Ela sentou-se,
desacreditada.
Chris: Ela é um demônio, Emily, e se eu pudesse,
voltaria apenas para derrotá-la. – olhou nos olhos da bruxa mais nova.
Emy: Eu... Eu nem sei o que dizer. – a bruxa sentiu
seu rosto esquentar, sabia que estava corando, estava envergonhada por ter
tratado a outra tão mal desde que chegara naquele lugar, Emily achava que ela
era apenas outra bruxa fútil que queria mais do que tinha, que fora eleita a líder
das bruxas mortas apenas porque era uma Malum em vida, mas estava errada, ela
fora eleita pois tinha mais vivencia do que todas ali, e porque ela era justa.
Chris: Está tudo bem, querida. – deslizou os dedos
calmamente pela bochecha da jovem. – eu a entendo melhor do que pode imaginar.
Você também quer voltar por uma boa causa, quer ajudar as suas amigas a
derrotar aquele que é sua responsabilidade, matou-se por isso, para ter a
chance de voltar e para devolver a sua mãe a vida que ela sacrificou por você.
Emily encarou aqueles negros olhos anciãos, como ela
podia saber tanto? Era como se ela pudesse ler sua alma como quem lê um livro, fácil
e fluentemente.
Chris: Estou aqui por isso, Emily Trevellyan, estou
aqui para lhe oferecer a sua vida de volta. – A seriedade em suas palavras fez
Emily arrepiar-se de temor. – mas com uma única condição: você terá de ceifar
com a minha e a sua linhagem.
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