quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

#MiniFicZiam - Fix My Heart - (Capítulo 15) - HOT - [FINAL]


- Narrado na terceira pessoa  

   O fogo consumiu o laço por inteiro e logo o gracioso tecido rosa que Danielle costumava usar em seus cabelos nas aulas de ballet estava resumido em chamas.
   Os olhos de Liam se enxeram das mais sentimentais lágrimas de tristeza. Não era como se ele venerasse o objeto, mas era a lembrança mais próxima, forte e significativa que ele ainda tinha de Danielle, era o laço que a garota usava desde os oito anos, o laço que chamou a sua atenção assim que olhou para ela. Era mais do que a sua própria memória, era infantilmente um laço que depois de amarrar os cachos da garota serviu para amarrar a sua memoria ao coração do agora homem sentimentalmente destruído. Naquele momento, antes que ele se desse conta de que o fogo estava muito alto para destruir apenas o pedaço de pano, ele desejou que aquilo fosse um sonho muito ruim, que Zayn não tivesse mesmo feito aquilo, que tudo fosse uma pegadinha maldosa da finada em sua mente culpada demais para enxergar a verdade. 
   -Liam! Larga isso Liam! -O outro garoto gritava ao tentar se aproximar do maior, mas o seu medo do fogo o prendia ao chão como a mais eficaz das colas- Liam!
   O dos olhos caramelo não ouvia o chamado, apenas encarava o laço se desfazendo em chamas bem a sua frente, caído aos seus pés. Sua mente estava em branco, havia apenas cenas desconexas e em todas elas imagens de Danielle Peazer. Ele tinha que correr, tinha que ouvir o que o moreno gritava e correr para longe do fogo, porém Danielle estava queimando em seu mente.
   -Liam, por favor, venha! -Zayn chamou mais uma vez, antes de deixar o desespero percorrer seu corpo de uma maneira descomunal, fazendo com que logo ele estivesse dando as costas para Liam e correndo pelo corredor das casas do Payne, rezando para conseguir sair da casa antes que alguma chama o alcançasse.
   -Zayn... -Liam sibilou perdido- Zayn me ajuda! -Ele finalmente acordou do seu pesadelo desperto de terror, no entanto ao gritar ele acabou acelerando a entrada da fumaça em seus pulmões, o deixando sem ar- Zayn! -Ele tentava gritar, mas as tosses não permitiam.
   Tudo parecia se tornar pior para o Payne, o garoto foi abandonado, sua mente estava perdida demais para deixar que ele achasse alguma saída e as chamas se alastravam a cada segundo mais, não permitindo que ele conseguisse dar um passo se quer. Ele estava em choque, o oxigênio não chegava aos seus pulmões e a saúde frágil já dava sinais, mostrando que ele não aguentaria. Tudo isso acontecendo e ele ainda não aceitava que Zayn, o seu Zayn, havia o deixado para trás. 
   -ZAYN! -Ele suplicou mais uma vez antes de sentir todo o seu interior queimando e seus olhos perdendo o foco. 
   Agora com o corpo estirado no chão, com as chamas tomando conta de tudo, contudo milagrosamente não o atingindo, a única coisa que salvaria Liam poderia ser Zayn, que nesse momento entrava novamente na casa, se martirizando por ter se retirado do quarto sem ter certeza se Liam o seguiria. Mas uma coisa é certa, ele não sairia daquela casa novamente sem trazer Liam consigo.

POV Liam Payne

   "Mais uma vez aquilo acontecia comigo. O silêncio parecia se tornar uma nuvem aterrorizante que me tomava o ar pouco a pouco, a escuridão estava conquistando tudo ao meu redor e impedindo que eu conseguisse enxergar fora daquela situação, quase como uma parede a minha volta. Aquilo era um sinal que eu já havia aprendido a captar a muito tempo. 
   -Cadê você? -Minha própria voz ecoava sem a real permissão de meu cérebro- Apareça de uma vez Danielle, vamos!
   O silêncio de prolongou por mais alguns instantes e eu juraria estar sendo ignorado por ela, até que a resposta me atingiu de uma forma inusitada.
   -Talvez eu estivesse ocupada demais com Zayn. -A voz naquele tom calmo e sereno que ela usava em vida fez com que eu me sobressaltasse.
   -Você não o tocou! -O grito desesperado saiu enquanto meus olhos tentavam acha-la em meio ao breu- Você não pode toca-lo!
   -Por que? -A voz parecia mais próxima e cada parte do meu corpo sofria uma dor diferente, porém sinto que não era por estar na presença e Danielle, mas sim por imaginar Zayn passando pelo mesmo- Apenas por que o ama? 
   -Você já tem a mim, não precisa fazer isso com ele, ele não tem nada haver com isso! -Tentei fugir do assunto. O que ela faria para Zayn se eu falasse o que tinha para falar agora? Eu não posso agir como se fosse atingir só a mim, não quando Zayn está no meio disso tudo, não é justo- Zayn não significa nada para mim Danielle, eu te amo!
   -Você não pode mentir para mim Liam. -A resposta veio tão baixa que eu me senti estranho por conseguir ouvi-la, porém a consciência me atingiu e meu corpo foi flagelado com mil vezes mais intensidade. Ela estava tão perto.
   -Não é mentira, eu não sinto algo por ele. -Insisti mesmo sentindo os cortes em meus braços e costas queimarem como fogo- Eu quero ficar com você Danielle, Zayn nunca vai conseguir concertar o meu coração, só você pode.     
   -Eu sei que o ama. Sei o que ele fez com você Liam. -A imagem ganhou forma a minha frente.- Não vale a pena lembrar da dor quando o machucado já está curado.
   Como uma luz forte ela me cegou por alguns instantes, se materializando bem na minha frente, na forma de um anjo. Pela primeira vez ela me aparecia como algo realmente divino, sem as vestes sujas e sem as marcas da batida do carro pelo seu corpo. Tão próxima do que era quando estava viva que meus dedos tencionaram, na vontade de toca-la a face e ter a prova de que era mesmo Danielle ali. Quantas vezes sonhei com isso? Ter Danielle em minha frente, sem parecer com a figura torturada e macabra de antes, para poder finalmente abraça-la e mostra-la que eu estaria ali para ela, para a nossa família.   
   Mas o calor que sentia em meu peito, que era bem diferente do calor da paixão que sentiria se ela se mostrasse assim a alguns meses atrás, mesmo assim existia amor ali. Eu a amava como jamais seria capaz de amar outra mulher, mas eu fui capaz de amar mais a um homem e isso foi jogado na minha cara naquele momento. Um caminho sem volta, eu sou dele. 
   -Sim, eu o amo. -Disse derrotado, quase cedendo ao peso sobre minhas costas. Quase caindo de joelhos em frente a ela. Só que pela primeira vez eu queria ficar de pé.- Me desculpe Danielle, me desculpe por ter acabado com tudo, por ter te deixado ir, por ter te feito sofrer tanto. Eu te amo também, você sempre será minha e eu sempre vou ser seu, sempre. Só que eu não posso fugir disso quando tudo o que eu quero é não cometer o mesmo erro com ele. Eu não posso deixa-lo ir também. -Falei quase em um sussurro, uma confissão tão desesperada que eu tinha medo de não estar de fato pronunciando as palavras, porém só as imaginando. Era como lutar contra algo que estava me dominando desde a sua partida, eu estava finalmente saindo das garras da culpa e do medo para enfim externar algo a mais que aquilo. Por Zayn.  
   -Eu esperei tanto para que você dissesse isso querido. -Os lábios de contornos simples formaram o mesmo sorriso doce que ela me lançava nas manhãs de domingo- Liam, as vezes o destino usa a vida de uma pessoa que já está condenada para salvar algumas outras. 
   -Como? -Forcei meu cérebro a entende-la, tentando de qualquer maneira compreender suas palavras.
   -Eu parti, o nosso filho também, mas você e Zayn estão vivos. -Seus olhos chorosos se viraram para mim como se lançassem flechas em meu coração- Eu o amo Liam, você foi o amor da minha vida, só que eu não estou mais viva. 
   -Dani... -Tentei levar minha mão a ela, para conforta-la, porém meu corpo não reagia e sinto que isso era por mais que a minha incapacidade mental. Talvez eu apenas não devesse mesmo toca-la agora.
   -Não, tudo bem. -O sorriso suave voltou aos seus lábios- Você é maravilhoso, merecia seguir em frente e eu não poderia deixa-lo em paz enquanto não visse isso. Tentei perturba-lo e fazer com que sentisse raiva de mim o suficiente para abandonar a minha memória, tentei dar sinais e certas vezes agia pelo ódio que me consumia ao vê-lo me prendendo tão forte a si quando ambos sabíamos que não tinha e não tem mais volta. Eu não queria realmente te ferir e causar tantas feridas... mas você estava me prendendo a um lugar ao qual eu não pertenço mais, estava me prendendo nesse escuro, sozinha... -Ela soluçava em minha frente, chorando daquele modo desesperado que eu nunca vi antes. Eu precisava tanto beija-la a face, passar minhas mãos em seus cabelos. Eu precisava tanto dar amor a ela- Eu sei que não agi certo, só que pensei que jamais me deixaria seguir em frente, havia perdido a esperança e esse lugar me assusta Liam. 
   -Você poderia ter dito antes. -Disse mais uma vez sem o real controle- Eu nunca te machucaria Dani. 
   -E você faria o que? -Ela enxugou as lágrimas com as costas de suas mãos e me olhou com um sorriso simples nos lábios- Tetaria mais um suicídio? 
   -Talvez. -Admiti sem receio- E agora eu estou morto também? -Perguntei olhando em volta- Vou ter que gastar a minha eternidade machucando Zayn para ele ficar com outra pessoa e me esquecer ou tenho a opção de já ter essa conversa com ele agora? -Não estava sendo irônico ou debochado, estava realmente com medo de ter que fazer algo assim para deixa-lo viver em paz. Mesmo duvidando que Zayn desistiria de alguma coisa em sua vida por algumas de minhas ações vindas do além.- E o que vai acontecer com você agora? 
   -Eu não disse em momento algum que você está morto. -Ela uniu os lábios e ergueu cada lado, formando um sorriso fechado, porém divertido.
   -Mas... o quarto pegou fogo, eu me lembro de ver o Zayn correndo e me chamando, só... só que eu não consegui ir, estava com medo, não me mexia e... como poderia ter sobrevivido? -A bagunça que governava em minha mente parecia não ter fim. Sempre pensei que depois da dor viria o conforto, no entanto acho agora que tenho que reformular isso. Eu estou confuso em saber que as coisas podem dar certo.
   -Digamos que Zayn é teimoso o suficiente para ignorar seus gritos e corajoso o suficiente para enfrentar muitas coisas além do que todos julgam. -Ela se aproximou e parou a quase três passos de distância, me deixando quase cego pela claridade que vinha de sua pele- Ouça, você está tendo mais uma chance, faça isso direito. Ele é um bom garoto, você é um bom garoto e juntos terão que se tornarem homens que cumpriram seu dever na Terra. Eu já apareci demais nessa história, agora é a sua vez de tomar rumo. Eu já me libertei, essa é a sua vez. 
   -Dani? -Chamei quando percebi alguns dos pontos de claridade em sua pele se tornarem maiores e mais fortes- Dani, o que está acontecendo agora? -Tentei me forçar a toca-la, mas meu corpo continuava em inércia e Danielle cada vez sumia mais entre os feixes de luz branca.
   -Eu estou indo embora Liam, eu finalmente estou conseguindo ir embora desse lugar. -Sua voz mostrava algo muito além da felicidade, sua voz me trazia a  paz. 
   -Ôh... -Minha mente havia assimilado que aquele era o nosso último encontro, eu deveria dizer agora ou nunca mais teria a chance- Dani, eu sempre vou te amar e sempre vou amar o nosso filho, sempre. -Disse encarando os olhos risonhos a minha frente, quase se fundindo totalmente ao branco.- Eu quero que fique bem, quero que descanse. 
   -Nós também te amaremos para sempre querido. -Sua voz soou quase inaudível quando a luz se intensificou de uma forma repentina e quando tudo voltou ao breu Danielle já não estava ali."

POV Zayn Malik

   -Você é mesmo um irresponsável Zayn! -Minha mãe me acusava pela quinta vez desde que entrou no quarto completamente branco no qual me encontrava- Como pode ter feito aquilo? -Ela quase gritou, passando os dedos entre os fios de cabelo e quase arrancando os mesmos, enquanto eu e meu pai revirávamos os olhos ao mesmo tempo- Você simplesmente arruinou a casa dos Payne, causou um incêndio, quase se matou e matou o Liam junto! Yasser isso é tudo culpa sua! -O dedo indicador dela foi lançado na direção de meu pai, o assustando um pouco- Se tivesse sido um bom pai e repreendido o seu filho quando ele começou essa loucura jamais estaríamos aqui agora! -Trisha se virou novamente para mim e eu não sabia se o que estava em seus olhos era raiva, medo ou nervosismo puro- Por favor Zayn, vamos esquecer essa história! Podemos pagar os Payne, voltar para Bradford e fingir que isso nunca aconteceu! Você vai fazer uma faculdade por lá mesmo, voltar com a Perrie e tudo vai dar certo querido.
   Eu poderia falar algo, gritar ou ser debochado, porém eu não sou assim. Não me arrependia de nada, não voltaria atrás em nenhuma das minhas ações, não seria mais o garoto covarde e fraco que fingia ser perfeito para os pais quando na verdade estava em ruínas na frente de todos. Eu não seria mais daquela forma e mesmo que isso seja o que vai dar fim a minha vida, eu vou seguir em frente. Mesmo que Liam nunca consiga realmente concertar o meu coração, eu ainda lutarei. 
   -Eu amo o Liam, não vou desistir disso. -Disse calmo e com a voz mais pesada que nunca, talvez por minha garganta estar ainda incomodada pela fumaça de horas atrás ou pela raiva que sentia crescendo dentro de mim- Aceite isso, pare de criar ilusões sobre um Zayn hétero e santo que vai realizar os seus sonhos.
   Trisha suspirou alto e me deu as costas, saindo do quarto com passos largos e duros, sem olhar para trás, parecendo furiosa o suficiente para desistir de mim. Eu não queria que isso acontecesse conosco, que ela se incomodasse tanto com quem eu sou ou que eu me incomodasse tanto com o que ela pensa, porém eu a amo e amo a minha família o suficiente para sentir dor e medo em relação a uma possível perca de tudo. Mas o meu desejo de ser feliz ainda me puxava ara cima constantemente e eu me sentia sobre as nuvens, sentia que se fosse cair a algum momento teria alguém para me consertar. Eu espero que esse alguém seja quem eu penso.
   -Ela está chateada, mas nós sabemos que cedo ou mais tarde ela vai entender e aceitar a sua escolha filho. -Meu pai disse ao me laçar um sorriso pequeno e fechado, como de costume- Agora eu vou ir atrás dela e do seu médico para saber quando vão te liberar.
   Sei que é errado sentir inveja, é algo ruim, no entanto eu invejava meu próprio pai de uma forma terrível. Ele é como eu era e é feliz com isso, diferente de mim, ele não sente seu coração partido a cada ação feita, ele não sente como se estivesse perdido o tempo todo e isso é claro somente de olha-lo. Se eu tivesse um sentimento assim dentro de mim nada disso estaria acontecendo, mas eu não o possuo. Ainda me sinto sufocado com o silêncio da minha mente, ainda acho que vou cair se estiver sozinho e ainda espero me tornar alguém melhor, achar o melhor para mim e me sentir bem com isso, sem precisar me remoer sobre sentimentos não ditos ou sentidos de maneira forte demais.
   -Okay. -Respondi apoiando ainda mais minha cabeça no travesseiro fofo e deixando que meus pensamentos vagassem para onde sempre iam- Pai? -Yasser murmurou um "hum?" e eu tomei coragem para perguntar, rezando para que não houvesse uma má noticia como resposta- Ele está bem?
   Não me preocupei em olha-lo enquanto fazia a pergunta e nem em citar nomes, era muito claro de quem estava falando e todos sabiam que mais ninguém passaria por minha mente até que eu tivesse boas noticias ao seu respeito. Era doloroso saber que eu posso ter o machucado de verdade, mesmo que a intenção não fosse essa.
   -Ele está instável, nenhum ferimento grave só que ainda está desacordado. -Sua voz calma não conseguia ter efeito sobre a minha mente cruel, que berrava, entre outras barbaridades, a minha culpa evidente- Os médicos dizem que ele teve sorte de você ter voltado para busca-lo, foi uma atitude realmente corajosa.
   -Seria de fato se eu não houvesse provocado o incêndio, -Resmungo ao que minha bochechas coram. Como vou olhar para Karen novamente? Geoff deve estar planejando meu assassinato e Liam nunca mais vai me perdoar... Eu fui muito radical, sim eu fui, mas sei que Danielle está feliz com isso. Sinto em cada célula de meu ser que fiz o certo ao menos para ela, espero que para mim e para Liam também.
   -Fique calmo, nós vamos resolver tudo isso. -Meu pai disse antes de me beijar a testa em um gesto estranhamente carinhoso e sair do quarto, fazendo o mesmo caminho que minha mãe fez a quase um minuto antes e me deixando novamente sozinho com os meus medos e certezas.
   -Eu não queria nos envolver em uma guerra, eu só queria a nossa paz. -Murmurei a mim mesmo, sabendo que ninguém me ouviria.
   Naquela tarde tudo se passou lentamente, meu pai e nem minha mãe voltaram para me ver, minhas irmãs também não apareceram e na verdade ninguém apareceu. Isso foi bom porque me rendeu tempo para colocar os pensamentos no lugar e para decidir o que seria feito a partir desse momento. Caso Liam ainda queira me ouvir, eu vou tentar como antes? E se ele não me dar mesmo o seu perdão, eu vou continuar mergulhado no desespero de ter experimentado do seu amor, mas não tê-lo mais para mim? Porque não me parece possível esquecer todos os nossos momentos, enterra-los em alguma parte escura e deserta do meu ser, simplesmente não faz sentido esquecer tudo aquilo quando eu ainda podia sentir a sua mão junta a minha, quando eu ainda desejo poder vê-lo e sentir o seu cheiro, enquanto ainda desejo protege-lo de tudo, guarda-lo em algum lugar perto de mim e faze-lo rir eternamente, apenas para poder sentir o prazer que é me embriagar com o som da sua risada. Eu almejava ser quem concertaria o melhor coração do mundo, quem teria a oportunidade de aproveitar do seu amor.
   Para ser sincero eu precisei gastar horas do meu dia para entender que eu não vou ser forte o bastante para encarar uma realidade sem os olhos mais fascinantes do mundo me mirando, sem os lábios mais saborosos, sem a adrenalina que é estar na sua presença ou sentir seu toque delicado e hesitante em minha pele. Eu não serei forte o bastante para seguir em frente sem Liam e isso vai além do que senti quando fui deixado por Perrie, é questão de sentir meus pulmões queimando pela necessidade de respirar o mesmo ar que o seu e a minha cabeça ficando cada vez mais vaga, sem dar razão aos pensamentos, fazendo tudo parecer vazio e sem sentido, como se sem Liam eu não houvesse sentido. Era algo miseravelmente mágico de ser sentido, era como ter uma guerra acontecendo em seu peito o temo todo, como ter o coração partido milhares de vezes seguidas, mas não ser capaz de viver sem essa dor.
   -Eu preciso que você esteja bem, eu preciso de você. -Disse mais uma vez a mim mesmo, como um velho habito não abandonado com o tempo.

- Narrado na terceira pessoa

   Tudo parecia calmo depois da ida da defunta, o garoto não ouvia nada e por segundos ele sentiu que estava bem, por segundos antes de sentir o ardor forte tomar conta de seu peito esquerdo, que pareceu inchar instantaneamente em uma dor tão cruel que ele juraria estar se contorcendo, mas não era isso que a sua imagem mostrava. Ele se via parado no em meio ao nada, ereto e calmo, mesmo que uma explosão acontecesse em seu interior. 
   Nada do que tinha vivido até então era parecido com aquilo, ele não queria fugir da sensação, ele queria que aquilo o levasse de uma vez para seja lá onde fosse, desejava saber o que o aguardava além da dor, queria mais que tudo atingir um novo nível.
   "Zayn", o nome aparecia em todos os cantos de sua mente, aos gritos e sussurros, ecoando em todos os tons e vozes, fazendo com que ele se sentisse um pouco louco por ver beleza naquele momento, por simplesmente admirar como as vozes pronunciavam o nome mais especial de todos. "Zayn", o nome era chamado mais e mais auto, enquanto uma faca invisível abria seu peito e arrancava sem anestesia algo de dentro de si, parecendo puxar para fora partes importantes dos seus órgãos, no entanto ele sentia que aquilo não faria falta, não enquanto ele estivesse ouvindo as vozes, tendo algum tipo de ligação com o outro. "Zayn", o clamor veio mais feroz e a dor parecia regredir de forma confortante em seu peito, podendo ser sentida até uma mão forte o empurrando para baixo, o empurrando mais e mais até que ele não tivesse mais para onde ir e de repente estivesse sendo esmagado entre a mão e o chão, sem escapatórias e sem as vozes graciosas. "Zayn", o garoto tentava achar o outro em meio ao aperto e pressão, tentando ter sinais de que ainda tinha chances para lutar. "Zayn", ele sentia que o chamado vinha de dentro, passando por todo o seu corpo antes de atravessar seus lábios secos e ganhar uma forma verdadeira.
   -Zayn! -A voz rouca e falha se fez ouvir por todo o quarto, de uma forma tão desesperada e tão absurdamente alta que chamou atenção das enfermeiras que passavam pelo corredor pouco movimentado.

POV Zayn Malik

   Mais um traço, mais um e mais um. Eu já estava farto daquilo, farto de passar aquele giz sobre o papel e não ter o efeito que eu desejo. Como crianças de seis anos conseguiam fazer aquilo e eu não?
   No início da noite umas das enfermeiras veio até meu quarto e me perguntou se desejava algo e eu respondi que apenas queria alguma coisa com que pudesse desenhar, fora isso estava tudo bem. Ela me trouxe poucas folhas brancas e um potinho com vários pedaços de giz de cera, que eles deveriam usar com as crianças que ficavam internadas por ali. Estava agradecido, claro que estava, mas a raiva por não conseguir retratar com a perfeição que desejava o que se passava dento de mim estava me enlouquecendo.
   Eu queria poder moldar melhor o rosto pálido e repleto de detalhes de Liam, conseguir dar ao desenho o brilho que seus olhos tinham, poder dar aos seus lábios a textura que mereciam e aos seus traços faciais a delicadeza e solidez que eram deles. Eu precisava fazer aquilo bem, assim como tinha conseguido fazer com os últimos dois desenhos, onde fiz um campo com flores amarelas e vermelhas, e um carro também vermelho, um carro que estava sendo dirigido por ninguém, seguindo em uma estrada que levava a lugar nenhum.
   -Eu posso entrar? -Alguém perguntou atrás de mim, fazendo com que eu virasse meu rosto para ver de quem se tratava.
   Não pude evitar de prender minha respiração e solta-la de uma vez, tentando não parecer tão irritado quanto estava, porém eu não sei se consegui. Não queria ser rude, mas aturar a mulher que me abandou a algum tempo atrás em um momento em que não desejo ver nem minha mãe é complicado.
   -Claro Perrie, entre. -Disse ao me levantar da cadeira que ficava em frente a pequena mesinha quadrada, indo com calma até a minha cama e me sentando ali, fazendo sinal para que Perrie, que já estava parada no meio do quarto, fizesse o mesmo.
   A garota com o vestido azul da cor de seus olhos se sentou ao meu lado e suspirou, olhando para a janela que estava a nossa frente que nos dava a visão de algumas luzes dos prédios daquela rua. Eu poderia até identificar uma outra garota parada em uma sacada de um outro edifício em frente ao hospital. 
   -Como se sente? -Ela finalmente disse algo depois de ter entrado no quarto, no entanto ainda não me olhava nos olhos.
   Aquilo me fez abaixar a guarda com Perrie. Tudo bem, ela foi má comigo, tudo bem, ela quebrou meu coração uma vez, tudo bem, uma vez na vida ela agiu como uma vadia sem sentimentos, mas ela ainda era a garota que eu amei por toda a minha adolescência, a garota com quem eu um dia planejei me casar e fazer feliz até o último dia de nossas vidas. Acima de tudo isso ela foi a primeira pessoa que entrou no meu quarto e me perguntou como eu estava. Ela não era da equipe médica, não era mais minha namorada e nem era uma amiga, mas diferente de qualquer parente ela mostrou se importar comigo e não com seja lá a merda que eu tenha feito. Isso para mim já vale muito, já faz com que eu me sinta obrigado a trata-la bem.
   -Estou bem, só estou aqui ainda porque inalei muita fumaça, mas me sinto bem. -Respondi fitando a garota que estava na sacada, procurando algo que me distraísse- Como soube? 
   -Sua mãe me ligou hoje de tarde e contou tudo, ela me pareceu tão preocupada que eu não conseguiria dormir sem vir te ver antes. -Ela respondeu simples, sem notar o quão agitado eu fiquei com o que ela disse, ou apenas quis demonstrar não ter percebido. Perrie era assim as vezes.
   -Ela quer mesmo que nós voltemos com o namoro. -Conclui em voz alta- Isso é tão idiota! 
   -Não pense assim, Trisha só está assustada Zayn, é completamente normal. -Perrie tentou defender a minha mãe, só que aquele papo não colava mais comigo.
   -Ela está agindo como uma louca, é isso que está fazendo. -Retruquei e enfim recebi o seu olhar surpreso sobre mim.
   -Ser gay te tornou mais explosivo? -Ela brincou e soltou um risinho, logo se calando ao notar que eu me mantinha sério- Desculpe, não estou criticando, apenas queria amenizar o clima.
   -Okay. -Disse dando de ombros- Não vamos falar da minha mãe e nem da minha opção sexual, isso vai nos poupar discussões. 
   -Você ainda é incrivelmente racional e calmo. -Ela observou e sorriu com algum pensamento próprio- Não sei como fui capaz de te abandonar.
   -Não vamos... -Perrie me interrompeu.
   -Não Zayn, eu não vou implorar mais uma vez para que você me aceite de volta! -Ela foi logo se defendendo e me surpreendendo- Eu só queria que soubesse que não foi nada com você, para falar a verdade eu só não conseguia conviver com tudo de bom que você é. Era louco ter você ao lado, quer dizer, você sempre foi tão ótimo em tudo, não havia como discutir com você, como debater algum assunto ou simplesmente conversar,,, você parece já ter as respostas para qualquer coisa.
   -Você não sabe o que está dizendo. -Respondi bufando, sentindo todo aquele sentimento ruim crescendo dentro de mim. Como eu odiava quando as pessoas me viam assim.- Eu sou normal, na verdade sou até burro demais, prova disso que me meti em toda essa confusão. 
   -Na verdade você sente demais. -Ela revidou com um sorriso pequeno- Isso é o que me deixa ainda mais ressentida com o que fiz a você, eu te machuquei mesmo sabendo que você nunca mereceu algo assim. Sabe o pior? -Ela não permitiu que eu respondesse e já deu a resposta- Eu fiz isso para tentar ao lado de uma pessoa ruim, que acabou me magoando da mesma forma que eu fiz com você.
   -O que ele fez? -Perguntei já completamente curioso.
   -Ele me abandonou depois e algumas noites de sexo. -Perrie confessou e eu a olhei espantado. Ela era o tipo de garota para casar, como alguém fez isso?- Não que eu tenha feito exatamente isso com você, mas o sentido é o mesmo. De qualquer jeito ele me deixou.
   -Ele foi um imbecil que não soube dar valor ao que tinha, você vai achar alguém melhor, alguém que deseje mais do que o seu corpo, que deseje ser o motivo do seu sorriso. -Disse sem medir as minhas palavras, por alguns segundos me sentindo como em meses atrás, uma pessoa na linha, segura e forte. Não parecia em nada com o que eu me sentia por dentro.
   -Obrigada. -Ela disse e novamente virou o rosto para frente, encarando a janela- Eu me senti mal de verdade, acho que por isso voltei. Queria evitar que se sentisse como eu estava me sentindo. 
   -E como estava se sentindo? -Perguntei a fitando de canto de olho.
   -Como uma vadia que estava sofrendo merecidamente por tudo, como se nada do que eu sentisse fosse o bastante para ele e como se aquilo nunca fosse acabar. -Admitiu de uma vez. Se existe algo que eu admirava era a sinceridade de Perrie para quase todos os assuntos.
   -Tirando o "vadia", talvez eu tenha me sentido assim também. -Confessei assim como ela, usando meus deus indicadores para gesticular e a fazendo rir. 
   -Não é tão assustador assim conversar abertamente com você! -Ela externou e logo deu uma risada alta ao perceber meu olhar afetado sobre si- Me desculpe, mas você era sempre tão sério e calado... me desculpe. -Perrie conteve as risadas, mesmo que sempre quando olhava para mim acabava deixando uma escapar- Liam tem sorte por ter conquistado um coração tão bom quanto o seu Zayn. 
   -Você sabe o nome dele? -Ergui as sobrancelhas em espanto.
   -Digamos que as noticias voam e uma boa parte da faculdade e do bairro já sabem. -Ele sorriu.
   -Devo me envergonhar? -Perguntei realmente com receio da resposta.
   -Deve ignorar acima de tudo. -Ela concluiu e se levantou da cama, ficando a minha frente- Eu vou voltar para Bradford amanhã pela manhã. -Anunciou com o sorriso feliz ainda em seus lábios- Vou ficar na casa dos meus pais, esquecer que houve um outro alguém na minha vida depois de você e seguir em frente.
   -É um bom plano. -Comentei observando seus olhos azuis- Vai dar tudo certo.
   -Se você diz, eu já acredito. -Ela brincou novamente e dessa vez nós dois rimos- Assim que você arrumar a sua vida está convidado a aparecer em minha casa, para um chá ou algo assim. Leve Liam se achar que ele merece mesmo.
   -Farei isso, pode deixar. -Assegurei a ela- E... posso apenas peguntar mais uma coisa? 
   -Claro. -Perrie se virou para mim, já que ela estava indo de encontro a porta, e parando no meio do quarto.
   -Nada do que você sentiu por mim foi verdadeiro? -Perguntei analisando seu rosto por inteiro, notando a forma calma com que ela tratava tudo aquilo.
   -Eu ainda te amo muito, mas tenho certeza de que existe um outro alguém melhor para você e para mim, como você disse, alguém que será o motivo dos nossos sorrisos. -Ela terminou de falar e abriu um sorriso gigantesco, mostrando os dentes dianteiros levemente tortos e me fazendo corresponde-la- Se cuide Malik. 
   -Você também. -Disse ao ver a porta se fechando por fim.
   
POV Liam Payne

   Quando abri meus olhos naquela tarde eu estava em um quarto inteiramente branco, com apenas uma janela mediana que iluminava o comodo. O cheiro forte de medicamentos me mostrou rapidamente que eu estava em um hospital, mas esse fato pareceu ser ignorado totalmente pela minha mente, já que tudo o que eu conseguia pensar era em Zayn e Danielle.
   Estava eufórico com o "sonho" que tive, não que eu ache que foi apenas um sonho, não! Tenho certeza de que era mesmo Danielle que estava ali e que tudo foi real, que agora todos estávamos livres e que eu poderia seguir em frente, devia fazer isso... ao lado de Zayn. 
   Tinha medo de ele ter mesmo me deixado para trás enquanto a casa pegava fogo, só que confiava o suficiente nas palavras de Danielle para acreditar que ele voltou. Zayn jamais deixaria alguém para trás sabendo que essa pessoa morreria, Zayn era bom demais para fazer algo parecido com isso. Ele colocava a própria segurança em risco para ajudar qualquer desconhecido, eu sou a prova disso. Agora teria que ajuda-lo com isso também, não muda-lo, mas melhorar essa qualidade sua, afinal eu não seria capaz de vê-lo se machucar por outra pessoa, sofrer ou ser ferido por alguém... não, isso nunca!
   Estava tentando manter a calma enquanto os médicos me faziam dezenas de perguntas e exames, porém as agulhas em meus braços e os fios ligados em tantas partes do meu corpo estavam me enlouquecendo juntamente com o barulho irritante do equipamento que marcava a minha atividade cardíaca. Eu só queria sair de uma vez daquela cama, poder resolver tudo o que eu tinha pedente em minha vida.
   Tudo o que eu queria era ver Zayn para que ele me explicasse o que aconteceu, que eu tivesse a chance de pedir desculpas por ter revidado o soco que ele havia me dado, agradecer de joelhos por ele ter sempre dado o primeiro passo em tudo, por ter nos libertado e ter libertado Danielle, por ter sido a minha luz desde que apareceu em minha vida. Eu nunca conseguiria agradecer o suficiente, nunca o faria entender o quanto foi e é perfeito para mim, o quanto eu desejo faze-lo feliz, fazer com que ele permaneça bem e seguro nos meus braços. Eu amo Zayn Malik e quero provar isso a ele, mostrar todos os dias como ele é importante e único. Isso é loucura, mas é o meu sentimento e é o que eu quero fazer até a minha morte.
   No início da noite uma boa parte das pessoas que estavam no quarto saíram, eu me vi ainda preso a cama com apenas mais uma doutora ali terminando de anotar algo em sua prancheta.
   -Doutora? -Chamei a sua atenção assim que ela fez menção a se retirar do quarto. Ela parou e se virou para mim, com as sobrancelhas erguidas- Zayn Malik está internado aqui? -Perguntei tentando não demonstrar o meu medo de receber alguma má noticia ao seu respeito.
   -Zayn Malik? -Ela olhou em uma das folhas da prancheta- Ele está aqui sim. -Um sorriso pequeno foi direcionado a mim- É o garoto por quem você chamou ao acordar, certo? -Concordei com a cabeça- Não se preocupe, está tudo okay com ele e assim que os seus exames ficarem prontos e nós checarmos tudo com você, ai poderá vê-lo.
   -E isso vai demorar? -Insisti sem medir bem as minhas palavras, talvez soando desesperado, mas quem liga? Eu não.  
   -Não. -Ela afirmou balançando a cabeça em negativa, para dar enfase- Pelo que notei está tudo bem, mas o exames darão a certeza, até porque você ficou quase um dia inteiro desacordado. 
   -Tudo bem, obrigado. -Disse suspirando um pouco frustrado- Mas assim que possível eu posso vê-lo? É que eu não vi ele e... bem, eu preciso ver o mais rápido que puder.
   -Huuum... -Ela olhou mais uma vez em sua prancheta- Como eu disse ele está bem, só continua em observação porque, como o senhor, ele inalou muita fumaça. Assim que estiver tudo certo eu autorizo uma visita, não se preocupe.
   -Obrigado novamente. -Falei sorrindo de leve.
   -Não foi nada. -Ela retribuiu o sorriso e saiu do quarto.
   Quando a porta foi fechada eu me deixei esparramar pela cama, sentindo uma paz interior que não sentia a muito tempo. Era como se tudo finalmente estivesse em seu lugar, como se as coisas ficassem repentinamente fáceis. Eu só precisava resolver mais alguns problemas e ser feliz.
   -Podemos entrar? -Uma voz já conhecida me libertou do meu quase estado de sono.
   Olhei para a porta e vi meus pais ali, minha mãe já vindo em minha direção com os olhos lagrimejantes e meu pai fechando a porta com calma, com a cabeça baixa. Minha mãe me agarrou em um abraço tão forte quanto possível, me sufocando um pouco e machucando levemente os meus braços, que anda estavam cada um ligado a uma agulha e um tubo que me injetava soro diretamente na veia, mas eu não estava me importando muito com isso, estava muito feliz por tê-la comigo.
   -Como você está meu querido? -Karen perguntou com as palmas de suas mãos pressionando o meu rosto, cada uma em um lado do mesmo, espremendo minha face e me deixando com um "biquinho" ridículo- Se sente bem? Sente que há algo de errado? Alguma dor ou queimadura?
   -Eu estou bem. -Murmurei como podia, com as palavras um tanto erradas por ela ainda apertar o meu rosto.
   -Solte ele Karen, assim vai machuca-lo de verdade! -Geoff pediu ao se sentar na cadeira ao lado da cama, nos olhando de uma forma calma. Quando minha mãe fez o que ele disse, estalando um beijo em minha bochecha, ele continuou a sua fala, me surpreendendo, admito- Está mesmo bem Liam?
   Não que eu esperasse que ele me agredisse no hospital, porém não imaginava que ele me trataria tão... normal. Imaginei que meu pai não fosse olhar na minha cara tão cedo, já estava até mesmo pensando em voltar a procurar um emprego, para alugar uma casa e ir embora da sua vida, quase como estava fazendo quando Danielle descobriu estar gravida.
   -Sim, já me sinto melhor. -Reafirmei a minha antiga fala e voltei o meu olhar para a minha mãe, que deixava algumas lágrimas escaparem- Por que está chorando? Eu estou bem, já disse isso. -Falei me esticando e a abraçando de um modo engraçado, já que ela estava em pé ao lado da cama e eu estava em uma posição indefinida.- Não chore.
   -Eu fiquei tão assustada querido! -Ela voltou a me abraçar, porém dessa vez sendo mais delicada- Achei que perderia o meu bebê.
   -Aaah mãe! -Revirei os olhos e soltei um risinho abafado, o que a fez olhar para mim com espanto- O que foi dessa vez? -Perguntei ainda sorrindo por ela estar tão sentimental e fazendo uma careta tão engraçada.
   -Você está... bem. -Karen abriu um sorriso gigantesco- Você está sorrindo, sorrindo como o meu antigo Liam.
   -Eu disse que estava bem. -Falei fazendo uma careta e rindo mais uma vez, a apertando em meus braços- Nem foi tão sério assim.
   -A casa está parcialmente danificada. -Geoff se pronunciou depois de um bom tempo, nos fazendo encara-lo atônicos por suas palavras.
   -Não está tão ruim assim, os Malik se comprometeram em pagar os danos, mas ficou decidido que também ajudaremos nas despesas. -Karen disse com olhar e voz cortante.
   -O seu quarto está em cinzas. -Ele disse mais uma vez, me fitando duramente, como eu esperava que fosse.
   -Eu ainda tenho dinheiro guardado no banco, aquele que havia guardado parar as despeças com Danielle e o bebê. Caso for preciso posso ajudar também, sem problemas. -Falei mantendo o seu olhar, sem nem piscar. Se ele achava que iria me intimidar ou fazer com que eu me sentisse culpado pelo que aconteceu, ele está muito enganado.
   -Não vai ser necessário. -Minha mãe disse o olhando séria também, mas logo voltando o seu olhar para mim, só que dessa vez com doçura e felicidade. Eu poderia notar de longe que ela estava verdadeiramente feliz.- O importante é que você está bem.
   Achei que a partir dali Geoff falaria coisa duras, faria o que pudesse para me desestabilizar, porém ele mais uma vez me surpreendeu e apenas suspirou e se deixou relaxar na cadeira.
   -É. -Ele concordou com a cabeça- Isso é o que importa. -Concluiu arrancando uma expressão surpresa de mim e uma de felicidade intensa de minha mãe- O que houve? -Ele perguntou ao notar a forma com que eu o olhava- Não vou dizer que te aceito ou algo assim, na verdade ainda sinto vergonha de ter um filho... homossexual. -Ele revirou os olhos- Eu não vou me acostumar com isso e só quero que mantenha a postura de homem, não vou aguentar uma bixa dentro de casa e também não vou aguentar ver o meu filho se agarrando com outro cara'. Apenas tenha respeito por mim e eu vou tentar me controlar, mesmo rezando para que essa sua fase acabe de uma vez. Tirando isso eu não posso fazer mais nada.
   As suas palavras foram ditas de uma vez só, com firmeza e decisão, o que me deixou um tanto calmo. Ignorando tudo de pejorativo, ele ao menos iria ficar na dele. Isso já bastava para mim.
   -Contanto que o senhor respeite a mim e a Zayn, eu posso conviver com a sua falta de concedimento. -Dei de ombros- Apenas respeite.
   -Ele vai. -Karen concordou de pronto- E vai se desculpar com Zayn por ter lhe batido! -Ela incluiu e fez meus olhos se arregalarem.
   Logo um sentimento negro crescia dentro de mim e dominava o meu peito, eu poderia até mesmo sentir a raiva ocupando cada espaço da minha mente e o gosto amargo se expandir em minha boca. Aquilo estava ultrapassando a raiva, estava no nível do ódio, me enlouquecendo e me cegando, deixando que tudo que eu pudesse ver era a imagem assustadoramente gloriosa do meu punho, já fechado, acertando o rosto do meu próprio pai.
   -O QUE VOCÊ FEZ AO ZAYN? -Minha voz saiu incrivelmente mais alta do que eu havia intencionado- O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?!
   O barulho irritante de "bipi-bipi" ocupou o quarto e eu poderia até mesmo sentir o meu coração doendo, parecendo que estava lutando para perfurar as minhas costelas. Eu não conseguia acreditar que ele havia batido em Zayn.
   -Acalme-se Liam! -Minha mãe pediu assustada- Não foi nada demais, eles apenas discutiram!
   -ELE BATEU NO ZAYN! -Meu corpo descontrolado alavancou para frente, me deixando quase inteiramente sentado.
   -Ôh Lord! -Karen quase gritou quado a doutora que estava me examinando a algum tempo atrás entrou no quarto e nos olhou espantada- Me ajude! -Ela pediu a médica, ao mesmo tempo que empurrava o meu peitoral, tentando me manter na cama.
   Sei que era o nível máximo da loucura, eu estava mesmo pensando em mata-lo por ele ter triscado em Zayn, mas meu corpo estava agindo sem a autorização da mente. Eu só pude ver seus olhos realmente assustados com a minha reação, antes de sentir mais uma agulha em meu braço esquerdo e logo tudo foi ficando turvo, até que eu estivesse entregue mais uma vez ao sono.

- Narrado na terceira pessoa

   - No dia seguinte...

   Zayn Malik foi desperto por suas irmãs, todas as três garotas sorridentes e barulhentas, lhe mostrando o que tinham trazido para ele. Os quatro comeram chocolates, conversaram e conversaram um pouco mais. Por aqueles minutos o garoto se esqueceu da angustia que sentia em seu peito por não ter noticias de Liam, no entanto só por aquele escasso momento.
   Logo entraram no quarto Yasser e Trisha Malik, acompanhados por Karen. Assim que Zayn viu a mãe de seu amado ele contraiu o corpo inteiro sem ao menos perceber, afinal em sua mente a aparição de Karen ali só podia se justificar por alguma razão de força maior, que seria algo de ruim, já que a vida parecia gostar de proporcionar esses momentos tristes ao moreno.
   -Oi Zayn. -Karen disse antes que qualquer um ali falasse algo- Vim ver como está.
   -Estou ótimo senhora Payne. -Ele respondeu encarando a mulher com os olhos atentos a tudo, preparado para qualquer tipo de ameaça, mesmo sabendo que ela era uma boa pessoa. Afinal o seu marido havia o agredido, ele não poderia se esquecer disso, por mais que não desse tanta importância ao fato- E Liam, como ele está? Já acordou? 
   -Zayn! -Trisha o repreendeu com um olhar sério e frio- Você deveria se mostrar grato por Karen estar aqui, ser educado e pelo menos tentar fingir que se importar com alguém além de si próprio.
   Todos olharam incrédulos para Trisha, como se a senhora tivesse dito a frase mais absurda da história da humanidade, e certamente eles tinham razão, já que não havia cabimento ela dizer aquilo sendo que o filho estava justamente preocupado com outra pessoa, além de não ter faltado com respeito em momento algum.  
   -Eu não precisaria perguntar a ela se alguém aqui me dissesse de uma vez o que eu quero saber. -Zayn respondeu com clareza, deixando as irmãs um pouco preocupadas e assustadas por nunca terem presenciado algo assim na família, por nunca terem visto o irmão mais velho nem perto de perder o controle.
   -Nós já... -A mulher ia responder quando a outra a interrompeu.
   -Não Trisha. -Karen fez um sinal coma mão de "deixa para lá, está tudo bem"- É ótimo saber que ele se importa com Liam o tanto que Liam se importa com ele. -Ela sorriu amigável para o garoto que estava sentado na cama ainda olhando tudo como se esperasse o pior de todos ali- Ele está mesmo bem Zayn, acordou ontem e fez alguns exames para checar tudo, mas até onde se nota não tem nada de errado. -Ela se aproximou um pouco na cama, cerca de quatro passos- Eu queria te pedir uma coisa. 
   Todos no quarto estavam calados observando a cena, esperando o que viria a seguir. Zayn apenas concordou com a cabeça, dando passagem para que a mulher prosseguisse e pedisse seja lá o fosse.
   -Queria que você não contasse a Liam sobre o que Geoff fez. -Ela suspirou de uma maneira cansada quando Zayn a olhou torto, sem crer no que ela estava falando- Sei que ele fez errado e que não é certo eu lhe pedir isso, mas Liam perde a cabeça com facilidade, você já deve ter percebido isso. Ele gosta de você de verdade e eu estou tentando fazer com que ele e Geoff se respeitem ao menos. Liam não vai perdoar se tiver a certeza de que Geoff te agrediu. -Os olhos da mulher se encheram de lágrimas- Não precisa fingir que nada aconteceu, Liam já sabe que vocês brigaram, porém não conte que ele foi para cima de você, por favor. -Ela praticamente implorou.
   Claro que aquilo deixou o coração do garoto mole. Como ele faria algo sabendo que estava destruindo as esperanças daquela mulher reconstruir a sua família? E não ajudava muito quando ele pensava que o motivo daquilo tudo era ele, querendo ou não, pois se ele nunca tivesse subido até o quarto de Liam, tudo ainda estaria igual. Pensar nisso fez uma ânsia de vômito. Ele definitivamente não gostaria que as coisas permanecessem iguais.
   No entanto ele também não poderia ocultar a ação de Geoff, ele não queria mentir para Liam, não queria deixar barato o que o homem fez a ele. O que fazer?
   -Eu não vou dizer nada. -Zayn disse em voz alta, arrancando um sorriso de Karen- Nunca tentaria colocar Liam contra o seu pai ou algo assim, mas caso um dia ele descubra algo relacionado e venha me perguntar, eu vou falar a verdade. -A mulher assentiu ao que ele inda falava- Eu não quero mentir para Liam, quero que nossa relação tenha uma base sólida e não vou permitir que as ações de qualquer um de vocês interfira nisso. -Ele olhou diretamente nos olhos na mãe, que já parecia irritada- Ninguém mesmo.
   -Você está certo, eu sei disso. -Karen sorriu agradecida- Só Deus sabe o quão feliz me deixa ver que Liam está voltando a ser o garoto alegre de antes e que você é o motivo disso. Eu sempre gostei de você querido, você deve saber disso muito bem. -Ela deu uma risadinha curta- Talvez muitas pessoas irão se por contra vocês, sei que isso já está acontecendo, mas quero que saiba que o meu apoio vocês tem. Não me importa a forma que seja, eu só quero o meu Liam feliz e sinto que você pode fazer isso.
   -Obrigado senhora Payne. -Ele sorriu para ela, que logo abriu os braços e envolveu o garoto em um abraço forte- Eu também gosto da senhora, muito.
   -Eu não pediria para você mentir sem ter pelo menos algo a oferecer, o minimo de justiça. -Ela se afastou e olhou para a porta- Pode entrar Geoff.
   Naquele instante o ar pesou como chumbo para Zayn, como se de repente os seus pulmões precisassem do dobro de força para funcionar razoavelmente bem e suas mãos fossem mergulhadas em um balde de água gelada. Ele podia até mesmo sentir os calafrios subirem a sua espinha e arrepiarem os seus fios negros. Tudo isso porque ele estava em uma batalha constante, ele não aguentava mais a pressão e parecia que a tendencia sempre é piorar.
   -Ôh Deus, eu só quero encontrar Liam. -Ele grunhiu com irritação, ao encarar o outro homem passar pelo comodo e parar na frente de sua cama, onde ele estava sentado- Olá Geoff. -Ele disse claramente dessa vez, medindo o homem como um todo e parecendo enjoado ao faze-lo.
   -Antes era senhor Payne, se bem me lembro. -Geoff respondeu com dureza, pensando em como teve coragem para ceder ao pedido de sua mulher. Se dependesse dele, jamais falara diretamente com Zayn Malik.
   -As coisas mudaram a partir do momento que você agiu como um animal irracional. -O garoto rolou os olhos com deboche- Tem sorte de eu ter um bom filtro entre o cérebro e a boca, senão ouviria coisas piores.
   As três irmãs Malik sorriram um pouco, achando graça da versão fria e irônica do irmão, já que sabiam que tudo aquilo fazia parte de um papel muito bem interpretado pelo mesmo. Zayn nunca pensaria coisas tão ruins sobre alguém, ele nem mesmo conseguia se manter bravo por muito tempo, mas apenas as três sabiam disso, porque para todos os outros presentes Zayn havia mudado e realmente se tornado alguém capaz de tudo. Era como se ele tivesse uma resposta para tudo e não tivesse medo de usa-la, porém sendo tão educado e leve quanto sempre.
   -Fale de uma vez Geoff, não abuse da paciência e do tempo do garoto. -Karen mandou séria já prevendo que o silêncio poderia ser quebrado de uma forma pior que aquela.
   -Okay. -Geoff olhou irritado para Karen e depois para Zayn, medindo o mesmo de ponta a ponta, como o garoto havia feito com ele a um tempo atrás, e suspirando derrotado- Me desculpe por ter partido para cima de você, eu perdi a cabeça. Não pretendo fazer algo como aquilo novamente, quero que haja paz entre eu e meu filho e sei que você é a ponte para isso, então me desculpe novamente. -Ele disse tudo de uma vez, sem pausar entre as palavras, porém a mensagem foi transmitida.
   -Tudo bem. -Zayn deu de ombros e voltou a sua atenção para seu pai, que observava tudo ao lado da esposa, e ambos estavam perto das filhas e razoavelmente perto da cama- Quando eu vou poder ver Liam?
   Geoff prendeu o ar e soltou com calma como se encarasse aquilo como uma provocação, e de certa forma era sim, porém Karen apenas sorriu ao pensar que tudo estava se arrumando, aos poucos, mas estava e isso já era capaz de deixa-la satisfeita.
   -Hoje a tarde eles te liberaram, ai você vai poder ir diretamente vê-lo. -Yasser disse ao filho e voltou a falar algo com sua esposa.
   -Certo. -O moreno concordou e se deitou novamente na cama, ignorado o fato do quarto estar cheio e os olhares divididos entre ele e alguns rostos distintos.

POV Liam Payne

   -Vejo que está realmente muito bem senhor Payne. -A doutora disse ao abrir o último dos meus exames, passando rapidamente os olhos no papel e os voltando para mim- O que acha de ir para casa hoje?
   -Isso vai acontecer? -Abri um sorriso somente de pensar na possibilidade. 
   -Depois de ontem eu deveria lhe agendar uma consulta com um psicologo antes, mas eu não vou fazer isso. -Ela me olhou com uma expressão que eu não entendi se era algo como "eu te entendo" ou "estou com pena de você pobre alma"- Sua mãe me contou o motivo da sua exaltação e bem... é difícil para todos, acredite.
   -Até onde você sabe? -Ergui as sobrancelhas ao me sentir um tanto invadido. Minha mãe não poderia sair contando minha vida para todos, isso é crime, não é?   
   -Acho que tudo. -Ela sorriu- Fique tranquilo, minha irmã é homossexual assumida desde a adolescência e no começo foi um inferno, parecia que a nossa casa havia se transformado em um campo de batalha, só que o tempo foi passando e nós vimos que ela continuava a mesma de sempre, apenas o que mudou foi que ela parecia mais feliz a cada dia, finalmente podendo agir como queria e com quem queria. -A doutora terminou de tirar as agulhas e tudo mais que estava ligado a mim, deixando que eu enfim me sentisse livre de mais aquele incomodo- Sei que seu pai vai perceber isso algum dia também. 
   -Caso ele não perceba, eu posso te cobrar isso? -Brinquei e consegui arrancar uma risada baixa dela- Sério, eu não preciso que ninguém entenda ou apoie, só preciso que me deixem fazer isso. Eu quero viver um grande amor, eu quero sentir o meu coração vivo de novo.
   -É um ótimo desejo. -Ela observou ao se afastar da cama e me olhar como um todo- Eu vou conversar com os seus pais e providenciar tudo para que você consiga sair daqui ainda hoje. 
   -Tudo bem. -Respondi com um sorriso de lábios fechados.

- Narrado na terceira pessoa

- Algumas horas depois...

   Liam já estava devidamente arrumado com as roupas que sua mãe havia lhe dado para que ele vestisse, entretanto ainda se mantinha sentado na ponta da cama, esperando que alguém chegasse e dissesse de uma vez que ele estava livre, que poderia enfim planejar algo que acabasse com qualquer tipo de magoa ou ressentimento que Zayn pudesse ter dele. Pensando em todas essas coisas ele se distraiu e só notou que alguém batia na porta quando a pessoa já repetia o ato pela terceira vez.
   -Pode entrar. -Ele disse assim que se deu conta do som, esperando que fosse alguém da equipe de enfermagem ou seus pais a entrarem no quarto, mas quem atravessou a porta superou todas as suas suposições.
   Zayn passou pela porta com lentidão, praticamente se arrastando para dentro do quarto e deixado que o outro o analisasse aos poucos. Os olhos brilhantes e negros iluminados por algo que vinha de seu interior, a boca moldada pelos lábios forma simples e graciosa, os traços equilibrados que montavam o seu rosto tão impecável, algo entre a juventude bela e a experiencia sábia, o corpo magro, mas atrativo, coberto pela pele lisa e levemente morena, de aparência casta aos seus olhos que tanto observavam os detalhes alheios como se aquilo os proporcionasse paz. E de fato isso acontecia. 
   Liam estava com a boca levemente entreaberta enquanto encarava o mais velho, notou Zayn com um sorriso se formando em seus lábios. Como da primeira vez que se viram, no quarto do Payne, ambos estavam tendo pensamentos equivalentes um sobre o outro, os dois apreciavam cada detalhe do corpo do outro. 
   O único problema foi quando Zayn fechou a porta e se viu preso novamente na dimensão paralela do amor, onde ele sempre ia parar quando se isolava com Liam em algum lugar, e isso estava o enchendo de medo, afinal eles ainda não estavam resolvidos. Por mais que afirmassem que sim para todos, eles ainda não haviam conversado diretamente desde o incêndio, e como aquilo mal podia contar como conversa, então eles não haviam se falado desde a briga terrível na madrugada que deu origem a toda maré de azar na vida dos dois, já que a partir dali as coisas declinaram da pior forma.  
   Ambos com as mãos nervosas, tremendo, sentido a falta das palavras certas e os lábios formigarem... eles queriam um ao outro de uma maneira doentia e desprovida de controle que causava os mesmos efeitos de qualquer outro vicio. Agora eles se encontravam em um profundo estado de abstinência, por exemplo.
   -Me perdoe. -Liam soltou o pedido por entre seus lábios secos sem ao menos perceber, já que tudo o que se passava em sua mente era a imagem do garoto a sua frente com os grandes e redondos olhos negros o avaliando.
   -O que? -Zayn perguntou confuso. Era comum que aquilo acontecesse, que ele se sentisse distraído perto de Liam, mas ele sabia que não estava perdido o suficiente para perder tanto de uma conversa.
   -Eu estou implorando que me perdoe por todas as vezes que eu deixei o meu medo atrapalhar o sentimento que crescia e cresce no meu peito todos os dias, por todas as vezes que eu provoquei as suas lágrimas de qualquer maneira, por ter revidado o soco que você me deu, por ter sido um covarde tantas vezes seguidas e principalmente por nunca ser forte o suficiente para te proteger. -O garoto dos olhos caramelados dizia desenfreadamente, com o coração tão acelerado que ele se sentia em uma corrida, na velocidade máxima e quase colidindo com o muro de sentimentos monstruosos que ele nutria a cada segundo pelo outro. Era assustadoramente terrível essa sensação, porém ele não queria desviar daquilo tudo- Eu sei que você pode ter vindo aqui apenas para dizer que não quer mais nada que o ligue a mim, agora você talvez ache que foi uma loucura ter se envolvido em tudo isso e que eu sou o maior louco por ter te dito aquelas coisas sobre Danielle, por ter causado tanta dor a nós, mas eu te amo Zayn Malik, eu te amo de uma forma desesperada e sem igual, da forma que eu não amei nem a Danielle e mesmo que você se arrependa de tudo o que passamos, eu não consigo me arrepender porque você me tornou forte, fez com que tudo em mim amasse tudo em você, lutou ao meu lado e me deu suporte em tudo o que eu já havia perdido as esperanças. -Os olhos marejados liberaram um brilho ainda mais intenso naquele momento, junto com uma lágrima isolada- Você é a minha única chance de ser melhor, o único que me força a querer ser diferente, você é o meu tudo Zayn. Me perdoe por ser tão fodidamente ferrado, mas eu posso melhorar isso com você ao meu lado. 
   O garoto de Bradford estava tão atônico que mal conseguia respirar sem causar um barulho engraçado, como se estivesse pronto para convulsionar na frente do maior. Ele não via Liam como um covarde, muito longe disso alias, porém nunca imaginou que o outro conseguiria dizer tudo aqui de uma vez só. Zayn imaginava que só ouviria aquilo de Liam em, com sorte, dez anos de relacionamento bom e estável.  
   -Liam... -Malik tentou dar nexo as palavras soltas em sua mente abarrotada de imagens e frases de Liam Payne, todavia nada parecia ter sentindo e a sua garganta seca o machucava a cada tentativa- Cor... você... minha... -Ele tentava dizer, porém nada saia e a vergonha por estar passando por aquilo na frente do homem mais perfeito do mundo, aos seus olhos, estava tornando tudo mais doloroso e vergonhoso- Desculpe! -Ele quase gritou e quando notou o que havia feito levou as mãos a boca, a tampando e sentindo todo o rosto doer pela força que ele usou ao levar as mãos ao rosto, praticamente se estapeando- Porra! -Ele murmurou ao sentir a dor em seu rosto, imaginando a região ficano mais vermelha do que já deveria estar.
   Zayn estava quase chorando de vergonha por a sucessão de ações atrapalhadas, ele parecia estar orando para que o chão se abrisse e o engolisse ali mesmo, o levando para longe daquilo, o escondendo de Payne que poderia rir daquela cena, se não tivesse quase tido uma parada respiratória ao pular de uma vez só da cama, correndo para perto do menor, que cobria o rosto e resmungava coisas sem sentido, algo sobre cores e eles, algo que não fazia sentido para Liam. 
   -Você está bem? Se machucou? -Ele pegou as mãos um pouco ásperas de Zayn e tentou tira-las de seu rosto, mas o outro não permitia- Deixe-me ver o que aconteceu sweeting'.
   Ao ouvir a forma que o outro lhe chamou o moreno sorriu e afastou um pouco os dedos, criando uma brecha na região de seus olhos por onde ele via o rosto preocupado e bonito de Liam.
   -Deixe-me ver, por favor. -O garoto acastanhado usou do tom de voz infantil, um truque que ele jamais pensou que funcionaria com um cara', mas ao ver Zayn afastando as mãos completamente do rosto ele finalmente percebeu que a sua frente ele tinha um cara' realmente único- Não acredito que se bateu, agora está com uma parte do rosto vermelha. -Ele conteve a risada, afinal era algo engraçado a expressão envergonhada do outro e a forma como ele continuava abrindo a boca e fechando, perdendo as palavras.
   -Vermelho. -O menor balbuciou e o outro fez uma careta. "O que?!" Liam se questionava.- Vermelho é uma das sua cores. -A voz calma se interrompeu antes que ele pegasse folego para continuar- Você coloriu tudo na minha vida com as suas cores, eu era como uma tela em branco, achava que aquilo significava a pureza, algo bom, mas agora eu notei que eu era vazio até você chegar e me encher com todas as suas cores, com todos os tons que eu sempre desejei e nunca consegui ter. Você foi tudo de uma vez, eu senti medo de te perder como aconteceu antes com outra pessoa, só que... Danielle é real, ela estava entre nós todo esse tempo, mas ela estava querendo nos ajudar e cara'... eu fui tão idiota de não ter percebido! E eu te bati, eu perdi o controle com você baby', e você que estava certo todo esse tempo e agora que eu vejo isso só sinto vergonha. Eu que deveria estar pedindo desculpas, cuidando de você, te protegendo... Eu te amo Liam. 
   
POV Liam Payne

   "Eu te amo Liam."
   As suas palavras faziam ecos diginos de um coral de anjos em minha mente, deixando que um sorriso tão largo quanto podia nascesse em meus lábios, enquanto eu entrelaçava meus dedos nos seus e o puxava com delicadeza para mais perto de mim, fazendo com que os nossos peitorais se grudassem e eu pudesse sentir seu coração acelerado contra mim assim como a sua respiração ruidosa e pesada, sabendo que ele sentia tudo isso vindo de mim também.
   -Você é o ser humano mais perfeito do mundo Zayn Malik. -Sussurrei sentindo meus lábios roçando os seus, me preparando para tudo aquilo que viria a seguir, todas as sensações que vinham junto com os seus lábios.
   -Cale a boca Liam! -Ele também sussurrou, porém com um tom de irritação, que me tirou um risinho sem que eu percebesse- Não vai me beijar? -Zayn perguntou mais uma vez parecendo impaciente, com seus dedos apertando os meus.
   -Vou.
   Sem deixar que ele dissesse mais alguma coisa eu colei meus lábios sobre os dele e puxei suas mãos para cima, as repousando quase em meus ombros, deixando-o livre para fazer qualquer coisa com o meu corpo.


- Narrado na terceira pessoa

   Os garotos mais uma vez subiram a cortina imaginaria que os separava do resto da humanidade, isolando os dois corpos que agora se agarravam com vontade desespero.
   A boca de Liam pressionava a de Zayn como se exigisse que ele correspondesse a tudo aquilo com a mesma intensidade, não permitindo que a ternura do outro sobrevivesse a feracidade do beijo, os enlouquecendo enquanto suas línguas se tocavam e se entrelaçavam uma na outra, sugando e acariciando como podiam. As mãos mais morenas apertavam os ombros ombros largos do parceiro como se só aquilo pudesse o salvar de cair no poço de sentimentos selvagens que se abria logo abaixo deles.
   Era toda aquela vontade de ficarem juntos, todas as esperanças, todo o amor, que ligava um ao outro de forma tão inexplicável, talvez fosse até obra de uma foça maior, ao julgar pela maneira tão certa com que os lábios pareciam se encaixar ou como os corpos se completavam, como se não houvesse um espaço com Zayn que Liam não pudesse ocupar, ou ao contrario. De qualquer forma ninguém que visse como eles se tocavam poderia duvidar que ali havia um sentimento maior, sendo ele algo repulsivo ou não. 


POV Zayn Malik

   Estava entregue a ele, sem volta, mas meus pulmões queimavam pedindo ar e eu já sentia meus pés saindo do chão pela forma que Liam me apertava contra si, provavelmente deixando marcas em minha cintura. Aquilo não poderia ser normal, eu lutar contra a falta de oxigênio para continuar a beijar um cara' que estava quase me quebrando em seus braços... mas isso parecia certo para mim, parecia o tipo de coisa que eu gostaria de fazer a todo minuto, em qualquer chance que me fosse oferecida. 
   -Ôh, e-eu es...e-estou louco... -Murmurei ao consegui afastar minha boca da sua, porém não consegui me conter e logo estava espalhando beijos pelo seu rosto, deixado suas bochechas rosadas pela pressão dos meus lábios ali- Eu te amo Liam, eu te amo muito. -Ia repetindo enquanto meus lábios ainda não conseguiam desgrudar da sua face que me parecia tão bela naquele e em todos os demais momentos.
   -Eu não vou mais te deixar partir. -Ele sussurrou em resposta, abrindo um sorriso que congelou tudo o que havia dentro de mim. Em seus lábios agora estava o sorriso que eu pensei jamais ser capaz de ver ao vivo, aquele sorriso que me encantou desde o início de tudo- Você é especial Zayn, eu vou fazê-lo ficar.
   Apenas deixei que mais uma das minhas lágrimas fujonas escapasse do canto de meu olho esquerdo, rolando sobre meu rosto, enquanto um sorriso bobo dominava os meus lábios que logo estavam atracados com os de Liam.
   E a partir disso as coisas faziam sentido.

- Narrado na terceira pessoa

- Dois meses depois...

   -Geoff, coloque isso na mesa. -Karen pediu ao indicar mais uma travessa ao marido.
   O homem rolou os olhos e fez o que sua esposa pediu, voltando para a sala de jantar onde a grande ceia natalina era formada, para que dali a alguns minutos os convidados chegassem.
   -Liam foi avisar que tudo já está pronto. -A mulher disse vindo da cozinha com uma última variedade de carne em mais uma das suas muitas travessas de cristal- Logo os Malik chegaram. -Ela suspirou admirada e orgulhosa ao encarar o marido já sentado no seu lugar na grande mesa de madeira escura- Promete que vai evitar discussões? 
   -Claro. -Ele murmurou um tanto contrariado- Não é isso que venho fazendo sempre? 
   -Sim, sim, mas é sempre bom confirmar. -Karen riu e foi até a árvore que enfeitava um dos extremos da sala- Sei que você odeia isso, mas me faz bem ter Liam por perto e agora que ele e Zayn estão sempre juntos eu prefiro nos ter junto a eles.
   -Se isso te faz feliz, me faz feliz também. -Geoff maneou a cabeça e ficou observando a mulher arrumar os presentes embaixo da árvore- Fico imaginando se Liam ainda sente tanta raiva de mim como eu sinto quando vejo os dois juntos.
   -Acho que não. -Ela deu de ombros- Nós o criamos bem, ele não deve ter tanta raiva.
   Enquanto a ceia era formada na casa dos Payne os Malik terminavam de se arrumar, tendo que ouvir as reclamações de Safaa sobre a demora das outras duas irmãs.
   -Cale a boca pirralha! -Doniya retrucou ao último chamado da irmã mais nova- Se nos apressar mais uma vez eu vou te partir no meio!
   Ao perceber o olhar de ódio que a maior lançava a outra Liam se encolheu no sofá, dando graças a Deus por nunca ter tido uma relação assim com as suas irmãs.
   -É bom pararem com isso as duas. -A voz rouca e séria soou chamando a atenção de todos que estavam na sala, principalmente de Liam que começou a procurar o corpo magro com os olhos- Estamos em clima de Natal, não me façam resolver essa briga do meu jeito.
   Quando finalmente surgiu escada abaixo Zayn mais parecia como um anjo, com as cabelos grandes na altura dos ombros e penteados para trás, os olhos cheios de cor e brilhantes, o rosto e os lábios bem corados, ficando em perfeita harmonia com o seu sweater vermelho berrante que tinha como estampa uma caricatura divertida do Papai Noel. Liam sentiu seu corpo formigar ao ver a áurea de respeito que seu amado impunha por onde passava. Era algo fantástico que mesmo com tudo o que aconteceu ele ainda era o ponto chave de tudo o que acontecia naquela casa e por onde quer que ele estivesse. Liam realmente achava aquilo algo perfeito, como tudo mais que relacionasse Zayn Malik.
   -Tudo bem. -As duas garotas concordaram mesmo que de má vontade, voltando a fazer seja lá o que estavam fazendo, sem encarar uma a outra.
   -Oi baby'! -O moreno finalmente pareceu notar Liam no sofá, o encarando pensativamente- Já está aqui a muito tempo? -Ele perguntou indo até o outro e lhe dando um beijo na bochecha mais demorado do que o necessário.
   Era estranha a sensação de ter que se conter sempre que estavam na presença de outras pessoas. Não que eles poupassem os outros de testemunharem algum sinal de afeto ou negassem ter um relacionamento a todos, na verdade desde que saíram do hospital os dois assumiram de vez o namoro, fazendo com que os "colegas" de faculdade se espantassem e que a vizinhança ficasse em choque. "Juro que pensei que era apenas uma provocação ou uma fase rebelde", Liam se lembrava de Louis ter lhe confidenciado durante uma conversa no meio da aula.
   Outro ponto que fazia Liam se orgulhar do relacionamento que estava construindo com Zayn era o ciclo de amizade que ele estava formando desde que tudo começou. Primeiramente eles se aproximaram de Louis, que se mostrou um ótimo amigo e o tipo certo de companhia que ambos desejavam e julgavam ser essencial, junto com ele veio Eleanor, sua namorada que também era uma ótima pessoa, sempre disposta a defender seus amigos. Uma amizade que Liam não esperava era a de Perrie, a garota loira que ele havia imaginado ser como uma inimiga, porém acabou se tornando um elo respeitável entre eles e outros conhecidos. No final das contas o casal havia conquistado algo como uma boa vida social que não tinham antes de se conhecerem. Haviam amigos verdadeiros ao seu lado e eles ficaram gratos e aliviados por isso.
   -Mais ou menos. -Liam respondeu dando espaço para que Zayn se sentasse ao seu lado no sofá, passando um dos braços pelos ombros alheios e trazendo o menor para si- Só estou esperando vocês, provavelmente a ceia já está servida. -Ele se acomodou um pouco mais- E você está lindo hoje.
   -Eu estou lindo sempre. -O moreno disse com um ar de falso convencimento e superioridade enquanto dava de ombros, arrancando um riso do outro- Mas sério, você também está lindo, como em todos os outros dias aliais. -Ele completou e sorriu simples.
   Aproveitando o silêncio confortável que reinou na sala Zayn se deixou levar em pensamentos para uma prece que ele insistia em fazer sempre que as duas famílias se reuniam. Ele sempre pedia para que tudo desse certo, para que aguentasse com paciência e sabedoria as alfinetadas que possivelmente viriam de Geoff ou Trisha, que Liam não se ofendesse com qualquer palavra má, que as coisas continuassem a darem certo como vinham dando desde então... Ele pedia por muitas coisas, isso é certo, mas o que mais estava presente com seus pensamentos era o desejo de que o amor não abandonasse os seus corações.
   Quando todos estavam finalmente prontos Liam os guiou até sua casa. Não que fosse preciso ou algo assim, no entanto ele queria passar cada segundo ao lado de Zayn e tentar criar momentos inesquecíveis, afinal os melhores momentos da sua vida eram aqueles que ele gastava simplesmente estando ao lado do seu namorado e queria que isso fosse mútuo.

POV Zayn Malik
 
- Algumas horas depois...

   -Apenas se acalme babe'. -Sussurrei para Liam enquanto ele se remexia desconfortável em seu acento- Por mim. -Pedi recebendo um suspiro derrotado e um aceno positivo dele em resposta.
   Desde que havíamos chegado a casa dos Payne minha mãe se tornou duplamente inconveniente, compensando Geoff que estava estranhamente pacifico, julgando que até agora não havia me xingado e nem insinuado nada, e para deixar as coisas ainda mais tensas Liam estava perdendo o controle, com a sua mão apertando a carne de minha coxa por baixo da mesa.
   Eu sei que ele está tendo motivos para se irritar, eu também estou irritado com o que minha mãe está tentando fazer, atrapalhando o clima agradável que começava a tomar conta da conversa descontraída que preenchia a sala de jantar. Ele tem toda a razão, claro que tem, mas eu só não quero uma guerra no Natal. Não hoje que está sendo o primeiro Natal que minha família está comemorando, o primeiro que eu consegui esse feito, burlando uma regra importante de nossa religião. Talvez seja por isso que ela está tão irritada.  
   -Estou só dizendo que vocês não deveriam andar de mãos dadas em público, isso é tão constrangedor. -Minha mãe concluiu o seu discurso de exatos sete minutos e vinte segundos, sim eu contei, fazendo com que tanto Karen quanto meu pai e Doniya revirassem os olhos ou bufassem, ao mesmo tempo que Waliyha e largou o garfo sobre o prato com um ruido alto e Geoff e Safaa encaravam a mim e a Liam sem expressão alguma. 
   -Você não acha que deveria deixar de ser degradável ao menos no Natal? -Liam disse em um tom calmo, como se tivesse perguntado "hey', pode passar o sal?". 
   Todos olharam para ele e o olhar que mais se destacava era o de minha mãe, que era algo como ódio e nojo descomunal, no entanto Liam parecia tão calmo que eu quase acreditei que ele não havia notado os olhares. Quase, se eu não soubesse como Liam poderia ser duro e cínico quando queria.
   -Sinceramente, acho que no fundo você me adora e não quer admitir, porque eu não gosto de você e evito contato, como não consegue fazer o mesmo? -Seus olhos se levantaram do seu prato e se fixaram nos de minha mãe de uma maneira séria e compenetrada, mas seus lábios exibiam um sorriso debochado que eu pessoalmente achava sexy, mesmo que nessa ocasião não fizesse sentido- Prove que me odeia e me ignore assim como eu faço com você. -Ele deu de ombros e dessa vez o seu sorriso era largo- Por que o silêncio pessoal? O papo estava bom. -Liam disse levando o garfo a boca e mastigando a sua comida lentamente, olhando para todos de uma forma humorada e inocente.
   -Okay. -Karen desviou o olhar do filho e deu uma risada alta- Que tal comermos a sobremesa para depois fazer o amigo secreto? 
   -Aaaaae! -Safaa deu um gritinho animado que nos fez sorrir- A melhor parte da noite pelo que falam!
   A partir dali todos voltaram as conversas calmas e descontraídas que estavam tendo antes do momento de tensão. Eu soltei um suspiro aliviado por aquilo, poderia jurar que Liam iria partir para palavras bem piores do que as que ele usou e eu acho que isso é um sinal que voltar a faculdade de jornalismo está surtindo muito efeito em pouco tempo. Uma pena minha mãe continuar nos encarando daquela forma, porém a escolha é dela.
   -Obrigada babe'. -Sussurrei novamente no ouvido de Liam, sem que ninguém realmente notasse além de Trisha, que continuava nos fuzilando com o olhar.
   -Qualquer coisa para proteger você. -Ele sussurrou de volta e encostou sua boca em minha bochecha em um beijo casto e rápido, mas que fez um sorriso nascer em meus lábios- Eu te amo Zayn.

   - Uma hora depois...

   -O meu amigo secreto é uma pessoa muito legal. -Safaa disse ao ficar de pé em frente a árvore completamente iluminada, com um sorriso fofo e as mãos segurando um embrulho vermelho com um laço dourado.
   Todos já sabiam quem seria o seu amigo secreto, afinal era a única pessoa que faltava ser chamada para receber o presente, porém foi o primeiro a entregar o seu. Liam.
   -Ele é muito bom comigo e eu acho que é com todo mundo. -Ela continuava e eu notava o olhar de Liam fixo nela, enquanto seus lábios se contorciam para conter um sorriso- Eu gosto mesmo dele e na verdade quero que o meu namorado, quando eu tiver um, seja exatamente como ele. -Ela me olhou com uma careta- Desculpa Z, mas o seu namorado é perfeito. -Quase todos soltaram uma risada, principalmente Doniya e Waliyha que soltavam sons de concordância e Liam que corou um pouco- Liam, você é um ótimo amigo e foi o meu amigo secreto. 
   Liam finalmente deixou uma risada alta escapar enquanto se levantava e abraçava Safaa forte, dando um beijo na bochecha dela, que corou e abaixou o olhar com o sorriso fraco.
   -Olha lá hein pirralha. -Disse fazendo graça e a risada preencheu a sala novamente, mesmo que a de Geoff tenha sido forçada e que minha mãe tenha se calado. 
   Safaa mostrou a língua para mim e voltou ao seu lugar, deixando apenas Liam parado em frente a árvore, com o seu presente em mãos. Quando ele abriu o embrulho e deu um suspiro admirado e eu deixei a curiosidade me corroer, até que ele sorrisse e mostrasse a todos um sweater natalino, mas de um azul escuro, onde tinha uma caricatura do Papai Noel bem parecida com que a que estava estampada no meu. Na verdade eram praticamente iguais, mudando apenas a cor do fundo. 
   -Eu amei Safaa! -Ele pegou o sweater e colocou por cima da camisa de mangas compridas que ele estava usando- É muito bonito e quente também, obrigado mesmo!
   -Como esse é o primeiro Natal que nós comemoramos, e eu queria muito que se repetisse ano que vem, achei que seria legal você ter um desses já que Zayn pareceu achar isso tão legal e bem... vocês tem os mesmos gostos em muitas coisas. -Ela se explicou e o sorriso em Liam só aumentou.
   -Acertou direitinho, eu com certeza vou usar! -Liam disse convicto- Mas agora eu preciso entregar um último presente.
   -Já não entregou o seu? -Geoff perguntou confuso, assim como eu e o resto dos que estavam ali.
   -É um extra. -Liam disse pegando o presente em seu bolso, algo realmente pequeno e que se escondia na palma de suas mãos quando ele fechava os dedos, embrulhado em um papel laminado vermelho e verde. O Lord, o que ele está aprontando?

- Narrado na terceira pessoa

   O dono dos olhos caramelados estava realmente nervoso, mesmo que o sorriso fraco em seu rosto disfarçasse isso, afinal não é sempre que você toma coragem para um pedido desses, muito menos para um casal gay que a família não apoia totalmente e que estão em uma noite de confraternização natalina.
   -Zayn, é para você. -Ele finalmente disse, sentindo uma pressão tomar conta de sua cabeça, como se o olhar confuso e receoso do moreno em sua direção estivesse o enlouquecendo- Na verdade é para nós, mas okay. -Ele acrescentou depois de quase dois segundos calado- Venha.
   Fazendo como lhe foi pedido o menor se ergueu e caminhou até frente a árvore, parando frente a frente com Liam e esperando que o mesmo o desse o que tinha em mãos.
   -Antes só quero que saiba que vou tender qualquer que seja a sua opinião sobre isso. -Payne disse por fim colocando o pequenino objeto na mão aberta do outro.
   Com um suspiro calmo o garoto do sweater vermelho abriu o embrulho e se sentiu surpreso e confuso. Ali havia uma chave prata, apenas isso. Procurou em sua mente o que aquilo poderia significar, tentou de lembrar de qualquer representação ou simbologia, entretanto nada parecia se encaixar e ele olhando os rostos a sua volta percebeu que para todos os outros também não havia ficado claro.
   -Eu tinha uma casa com Danielle. -Liam começou, mas Zayn logo o interrompeu com um tom incrédulo.
   -Eu não quero morar na casa que você vivia com Danielle! -Ele disse irritado e fazendo menção a devolver a chave.
   -Por Deus, não é isso Zayn! -O mais novo disse rápido, parecendo amedrontado com as idéias que poderiam estar correndo a mente de Malik- Eu vendi a casa que tinha com ela e completei com o dinheiro que tinha em uma poupança para comprar um apartamento. -Ele disse e Zayn foi da raiva a surpresa extrema- É um apartamento ótimo e eu não estou falando que devemos ir para lá juntos amanhã, só estou te dando a chave porque eu vou e quero que saiba que está livre para ir apenas se quiser, caso não queira agora eu vou entender de verdade e vou deixar mesmo assim a chave em suas mãos porque quero que tenha a certeza de que o que é meu é seu.
   Zayn estava mais do que surpreso, ele apenas não sabia o que pensar ou falar. Não imaginava que Liam teria comprado algo como um apartamento, aquilo era um grande passo e por mais que estivesse se sentindo bem por ver seu companheiro progredindo e conquistando cada vez mais coisas em sua vida, também se sentia um pouco amedrontado. Liam estava deixando o lar, dessa vez estava escrito em seus olhos que não iria voltar atrás, que aquilo era uma decisão feita, mas dentro de Zayn ainda existia aquele temor passivo, aquele que sempre toma conta das pessoas quando elas sentem que quem amam corre um perigo inevitável.
   Geoff e Karen estavam tão surpresos quanto, Karen mais triste do que surpresa, entretanto nenhum ruido era ouvido na sala. Não que eles estivesse exatamente tristes ou com raiva do filho, afinal aquele era um passo que seria dado de qualquer maneira e era bom que Liam estivesse conseguindo da-lo sozinho, porém era angustiante para os pais que ele não houvesse dito nada, que tenha preferido se calar e falar aquilo especialmente para o namorado. Geoff achava especialmente que aquela era uma decisão precipitada que Liam havia tomada baseado em egoismo e no sentimento cego que sentia por Zayn, já Karen sentia o ciumes corroer sua mente junto com o medo. Mas os dois engoliram o bolo amargo de sentimentos para esperar a resposta que viria a tudo aquilo.
   -Obrigado Liam. -Zayn disse com os olhos ainda grudados na chave, com as bochechas coradas e com a mente se martirizando por conseguir ler tão bem as expressões alheias ao ponto de se sentir condenado por aquilo. Ele não queria que Liam fizesse aquilo por ele, queria que fosse um passo de pura independência- Eu... eu vou ficar com a chave, é claro. -Ele finalmente ligou o seu olhar com o caramelado a sua frente, não contendo um sorriso pequeno e desajeitado- Estou tão feliz por você, muito mesmo, mas não vou ir. Sempre irei aparecer sim, só que quero esperar mais algum tempo para algo tão... decisivo.    
   -Eu compreendo. -O maior disse com um sorriso de canto- Já fico feliz por ter aceitado.
   Se estivessem apenas os dois ali Liam com certeza beijaria Zayn nos lábios até que perdesse o folego, passando as mãos por todo o corpo macio e quente do outro, mas como aquele não era o caso ele apenas pegou a mão direita do moreno e a levou até sua boca, deixando um beijo nas costas das sua mão.
   -Você poderia ter avisado que sairia de casa Liam. -Geoff enfim disse algo, um tanto duro demais para alguém que supostamente deveria estar feliz e orgulhoso- Tem certeza do que está fazendo, já pensou nos riscos?
   Liam interpretou aquilo como: "Tem certeza que vai deixara a minha casa? Depois não volte chorando como da última vez", sendo assim respondeu como tal.
   -Sim, tenho total certeza e dessa vez tudo vai dar certo. -Ele apertou mais a mão de Zayn com a sua, ambas ainda entrelaçadas.
   -Então estamos feliz querido! -Karen sorriu, mesmo que visivelmente forçado- Ficamos surpresos, mas também desejamos que dê certo dessa vez, vai dar!
   -Claro que vai, agora Liam é um homem, sabe se cuidar sozinho e já está de volta ao trabalho, certo Liam? -Yasser disse rompendo o clima tenso, mesmo que quando tenha dito "agora Liam é um homem" a mulher ao seu lado, Trisha, tenha suspirado alto.
   -Sim, trabalhando e estudando. -Liam respondeu e sorriu- Agradeço o apoio de todos. Vou ir amanhã mesmo, já está tudo pronto.
   -Já?! -Karen se sobressaltou.
   -Já. -O filho deu de ombros- Tenho que organizar minhas coisas apenas.
   -Entendo. -Ela voltou a se acomodar no sofá, ainda incomodada, porém conformada com toda a situação. "Ele tem que ir", ela repetia em sua mente como um mantra- Mas você sabe que estamos aqui para tudo, né? Não se esqueça que em qualquer dificuldade estaremos aqui.
   -Sei que estarão. -Liam disse sem se importar muito, afinal ele sabia que sua mãe estaria mesmo ali para tudo e que seu pai querendo ou não estaria também, então ele estava realmente confortável e consciente. Aquilo não era uma máscara.  

- Dia 31 de Dezembro de 2014...

   -Baby'? -A voz calma e extremamente conhecida despertou Payne da sua organização minuciosamente detalhada- Onde está? -A voz voltou a proferir dessa vez bem mais próxima do que o garoto imaginava.
   Liam desviou definitivamente o olhar dos quadros que pendurava com atenção na parede e viu Zayn atravessar a porta, entrando no quarto com um sorriso simples, assim como seus jeans escuros e camisa branca. Ele poderia observar a forma com que o outro se movimentava para sempre, porém todos os seus pensamentos apaixonados voaram para longe da sua mente assim que seu olhar chegou ao objeto que o moreno trazia consigo, uma caixa de madeira rosa com algumas pinturas a dedo que traziam para Liam uma enxurrada de lembranças ligadas a um passado nem tão distante, mas que simplesmente não parecia ter feito parte de sua vida. 
   -De onde tirou isso? -Liam perguntou com uma sobrancelha erguida, sem conseguir tirar os olhos da caixa rosa.
   Zayn poderia se sentir amedrontado, até porque havia motivos para isso. Ele ainda não havia se esquecido dos ataques de Liam sobre Danielle, no entanto algo na voz e no olhar do parceiro o mostrava que tudo estava sob controle. O que Liam sentia não era mais medo ou amor, já que medo ele não sentia mais e amor só tinha por Zayn. O que o acastanhado queria saber realmente se tratava apenas de onde o moreno havia conseguido a bendita caixa rosa.
   -Os pais dela me deram mais cedo no dia no incêndio, eu queria te falar logo, mas... não parecia ser o momento certo nunca, então estou mostrando agora. -Ele estendeu o objeto para o outro- Não quero segredos entre nós e também não quero ficar com isso guardado comigo quando sei que tem mais valor para você.
   -Eu não quero isso Zayn. -Liam disse com calma, dando de ombros e deixando o garoto a sua frente confuso, com a caixa ainda estendida- Nada do que está ai é do meu interesse agora, Danielle está em algum lugar bom e eu não posso sequer pensar em fazer algo que a perturbe, ou perturbe a mim... ou a você. -Admitiu em um sussurro- Não quero guardar isso.
   -Huuum... -O barulho constrangido que Malik fazia era a única coisa a ser ouvida no quarto- O que devemos fazer então? 
   -Que horas são? -O maior perguntou ignorando a pergunta feita anteriormente pelo parceiro.
   -Quatro e vinte. -Ele respondeu sem entender muito o motivo do interesse alheio sore isso- Por que? 
   -Sei o que vamos fazer com isso. -Liam sorriu largo e se aproximou de Zayn a passos largos e firmes, pressionando seus lábios contra os dele em um selinho simples e leve, antes de se afastar novamente e ainda com o sorriso contornando a boca voltar a completar sua sentencia- Vá até o carro e me espere lá que eu já estou indo. Confie em mim.
   Sem hesitar nem por um instante o menor concordou e saiu do quarto, passando pelo corredor e por outros cômodos antes de sair do apartamento e do prédio, chegando ao carro algum tempo depois e esperando pacientemente o que viria a seguir. Em sua mente várias possibilidades ganham vida e uma justificativa plausível, mas algo o dizia que não era nada daquilo o que Liam faria.
   Passaram-se minutos longos até que Zayn achasse os cabelos castanhos em seu campo de visão e mais minutos até que fossem conduzidos ao destino final, que para a surpresa do dessedente de muçulmano era um dos maiores cemitérios da cidade, cercado por lapides grandiosas, enfeitadas e bem cuidadas.
   Era estranho estar em um lugar como aquele, principalmente para alguém com o olhar artístico/sensível tão aguçado quando o de Malik. Tudo o lembrava gelo, desde as esculturas de anjos e santos com os olhos vazios até o frio que percorria suas entranhas quando ele pensava no quão terrível deveria deixar uma pessoa que você ama ali, naquele silêncio tão característico que parecia se parte da decoração. Uma decoração bela e horrorosa, com um significado tão deprimente que chegava a emocionar, como um artista como os que fizeram todos aqueles crucifixos poderia se sentir bem expondo sua arte ali? Isso era o que mais rondava a mente do jovem.
   -É aqui. -Anunciou Liam ao pararem em frente a um túmulo de mármore negro, com apenas a placa indicando o "morador" sendo branca.
   -Danielle Peazer, 10 de junho de 1988... -Ele leu em um tom médio, tentando não transparecer o que se passava em sua mente, que era uma conta confusa que o deu como resultado o número 26- Ela teria 26 anos hoje, certo?
   -Certo. -Concordou com a cabeça o outro, que analisava o túmulo com atenção, parecendo fazer anotações mentais de tudo, cada folha seca que caia sore o mármore parecia não passar despercebido por seu olhar firme- Lembro de ter vindo aqui no ano passado, nesse mesmo dia, sabe? -Ele falava sem desviar o olhar de uma das manchas da construção a sua frente- Foi aqui a minha segunda tentativa de suicídio.
   Todos os músculos do menor se contraíram em alerta enquanto seus olhos se fixaram no rosto ao seu lado, buscando algum sinal de tristeza, raiva ou até mesmo alguma agitação que indicasse que Liam estivesse pensando em tentar um suicido novamente. Sim, ele sabia que não havia motivo para tanto, porém era assim que Malik funcionava, se sentisse uma ameça se aproximando já entrava em alerta total.
   -Você... Ér... -Zayn começou a pronunciar antes de formar realmente as palavras em sua mente, o que entregou ao outro que ele não sabia o que dizer e o que poderia estar se passando em sua cabeça.
   -Não sei como pude tentar fazer aquilo. -Liam disse ao dar mais um passo em direção ao mármore- Agora tudo parece tão bobo, sem qualquer sentido. -Ele se sentou sobre o túmulo alto, afastando com as mãos uma rosa branca murcha que estava ali junto com um punhado de folhas secas que caiam da árvore grande que impunha sua sombra sobre eles naquele momento, deixando somente as pontas dos pés tocarem o chão e sou olhar aparentemente calmo cair sobre o outro- Afinal o que eu estava pensando? Me matar e ... e o que? Danielle não me perdoaria pelo que fiz com ela se simplesmente acabasse com a minha vida também.
   -Por que está remoendo isso? -O moreno ergueu as sobrancelhas confuso, sem ter idéia de para onde aquela conversa os levaria- Ela já te perdoou Liam, sinceramente, não há motivos para reviver o que já foi, lembra-se? Agora tudo está bem, acabou babe'.
   -Eu sei. -A cabeça recoberta por cabelos amendoados foi chacoalhada em sinal positivo- E como sabe que ela me perdoou? Eu nunca disse isso.
   -E nem precisaria dizer, eu sei que perdoou só pela paz em seus olhos. -Zayn foi lentamente até onde o outro jovem estava e se sentou ao seu lado, tentando ignorar os pensamentos de estar sentado em Danielle- Está mesmo bem com tudo o que estamos fazendo? Eu acredito que você está, mas com você me falando essas coisas agora eu me sinto um pouco confuso. -O pequeno confessou e atraiu a atenção total do que estava ao seu lado, que parecia ter sofrido um ferimento grave na alma com aquelas palavras.
   -Não confia em mim? -A voz de Payne oscilava entre os tons e denunciava seu desespero com aquela constatação tão falha- Não confia no que eu sinto por você?
   -Eu confio tanto em você que estou conversando abertamente sobre isso, acreditando que você vai ter sincero Liam. -Ele voltou o seu rosto para o que o encarava tão concentradamente- Acha que faria isso se não confiasse em você, se não me preocupasse? Eu te amo Liam Payne, não estou brincando, estou apostando tudo o que tenho em nós e só me pergunto o por que de você ainda se importar com o que passou.
   -Eu não me importo Zayn! -Disse Liam sentindo os olhos marejarem levemente- Eu também não estou brincando com tudo isso, o que eu sinto é exatamente o que te falo, eu te amo mais que tudo! -Suas mãos foram para o rosto liso a sua frente, se permitindo mergulhar na imensidão escura dos olhos do amante- Você é o meu ar, o que me prende a tudo isso, a razão de eu querer estar a cada dia melhor, apenas para merecer estar ao seu lado Zayn. -Ele juntou suas testas e observou com mais atenção todos os detalhes do rosto alheio, sentindo vontade de gravar aquilo em sua mente de uma forma que jamais pudesse perder cada traço- Só não acredito que quase tirei a minha vida, imagine isso, se eu houvesse levado aquilo até o fim não poderia ter te conhecido, não teria sentido tudo o que sinto agora, todas essas emoções que me fazer tão bem. Eu poderia não estar vivo para segurar a sua mão sweetheart, isso é o que me faz pensar sobre tudo o que já fiz antes, me desculpe, se isso te incomoda tanto eu prometo que nunca mais falo sobre isso.
   Zayn se sentia tão leve que por um segundo acreditou que estivesse de fato flutuando. É óbvio que acreditava em Liam, é claro que sim, afinal o que existia dentro dos olhos caramelados era amor verdadeiro do tipo visível para qualquer um e o coração do jovem Malik parecia estufado de orgulho por saber que aquele amor era dele, ele havia conquistado todo aquele amor. Como não acreditaria naquilo?
   -Não quero censurar a sua mente, não seja ridículo baby'. -Ele revirou os olhos e deixou que um sorriso discreto nascesse em seus lábios enquanto completava o gesto- Se não estive aqui antes foi porque estava me aperfeiçoando para quando te encontrasse, para poder passar o resto de meus dias do seu lado, para ouvir qualquer coisa que você queira dividir comigo, por mais assustador que tudo seja. -O mais velho segurou nas mãos do outro e alargou seu sorriso- Faça logo o que deve ser feito para podermos ir para casa.
   -Então vamos. -Liam se levantou e puxou Zayn para repetir o seu ato- Vamos para casa.
   -Como? -A confusão pegou o moreno novamente- E a caixa?
   -Deixe ela ai. -O outro deu de ombros e gargalhou ao perceber o olhar incrédulo do menor- Isso não era meu, era de Danielle e agora está com ela novamente.
   -Você tem certeza Li? -Ele perguntou mais uma vez para se certificar que era aquilo mesmo que estava entendendo.
   -Claro, vamos sair daqui de uma vez.
   Sem mais palavras os dois saíram em meio aos túmulos, mas agora Zayn não tinha mais a caixa rosa em mãos, agora ela estava repousada sobre o mármore negro que ficava a cada passo mais longe dos dois agora homens que iam embora de mãos dadas, com dedos entrelaçados com força.
   Naquele momento Zayn foi incapaz de notar, até mesmo Liam não o fez, porém ao deixarem o passado virar passado, ao largarem definitivamente tudo o que os ligava a fase conturbada de suas vidas eles cresceram. Não eram mais os dois garotos descobrindo o bote salva-vidas do amor entre o mar de sofrimento, agora eles eram os homens que sabiam o que estavam fazendo, que estavam lutando como gente grande para manter o sentimento intocado, para deixar o amor que os envolvia a salvo.

- Quatro anos depois...

   Os dois homens se encaravam nos dois extremos da sala, de um lado Liam, do outro Zayn, ambos com uma carranca de raiva e com os rostos virados, fugindo a todo custo de olhar um nos olhos do outro como se isso pudesse evitar que seus dedos tencionasse de vontade de tocar o corpo alheio ou suas mentes de criarem diálogos diversos onde eles se reconciliavam calorosamente.
   O moreno só queria que Liam aceitasse ir com ele, só isso. Não era pedir muito que o seu noivo fosse com você visitar uma amiga. Já Payne apenas desejava que o menor parasse de insistir nisso. Ele não iria visitar Perrie Edwards, não mesmo.
   -Quando você vai concordar e nós poderemos ir dormir em paz? -Perguntou Malik já com o tom de voz alterado, o que era um efeito direto tanto do sono quanto da raiva que estava sentindo do companheiro. Não era fácil debater com Liam Payne durante toda uma noite- Perrie é legal, vocês se dão bem, não entendo o porque dessa crise. E eu tenho adiado isso a muito tempo Li, não custa nada nós irmos passar um fim de semana na casa dela.
   -Eu não vou Zayn! Desiste de uma vez! -Ele revirou os olhos, cruzando os braços musculosos sobre o peitoral ainda mais definido do que anos atrás- É claro que você tem razão para querer vê-la, ela é SUA amiga, não minha. -Deixou um suspiro escapar antes que seu corpo caísse no sofá totalmente esgotado. Era uma lastima discutir com Zayn- Além do mais eu não gosto da idéia de vocês juntos durante um final de semana inteiro, pronto, falei!
   -Liam, ela É sua amiga, você mesmo a convida para festas aqui em casa, vivem conversando por telefone! Tudo isso é ciumes, jura mesmo? Achei que havíamos passado dessa fase há pelo menos quatro anos! -Os olhos negros brilharam de raiva- É nessas horas que eu sinto vontade de te socar até que você morra afogado no próprio sangue!
   -Não acredito que te deixei fazer aquelas aulas de poesia, você escuta o que fala? -As suas sobrancelhas se ergueram provocativas- E sim, é ciumes! Isso é algum crime? Eu posso sentir ciumes, é normal porra! Você também já sentiu, ou não?
   -Você é um estupido Liam Payne! -O homem finalmente se permitiu explodir, levando as mãos para o topete que agora estava completamente desfeito e soltando um grito, tentando descontar a raiva em algo que não fosse o rosto do cara' que seria seu esposo em algumas semanas- Quer saber? Foda-se o que é normal para você, para mim é normal que haja confiança e respeito, mas se para você não, então vá a merda você e esse caralho todo! Eu vou para a casa da Perrie nesse final de semana e se você quiser venha também!
   Sem deixar que Liam retrucasse as suas palavras Zayn apenas partiu para o quarto do casal em passos firmes e rápidos, tentando não se sentir culpado por ter feito uso de palavras tão chulas, imaginem o que seus pequenos alunos poderiam pensar se vissem o professor dizendo aquilo? Mas Payne que havia começado, ele que havia dito a primeira ofensa. Esse era o argumento de defesa que o menor usaria até o fim.
   Durante esses anos eles mudaram muito. Agora Liam escrevia para um dos maiores jornais britânicos, estava terminando o seu primeiro livro que deveria ir a venda no próximo ano e já estava sendo alvo de ofertas para assumir um cargo ainda maior no trabalho. Zayn havia se formado há poucos meses, primeiramente investiu o dinheiro ganho no seu estágio em um atelier próprio em um bairro bem frequentado, com a ajuda financeira de Liam as coisas ficaram mais fáceis e agora Malik já era um artista independente, que estava entrando em acensão incrivelmente rápido e ganhando muito dinheiro, mas que mesmo assim dedicava parte de seu tempo em oferecer aulas grátis para crianças com uma renda pequena e que sentiam o desejo de se envolver com a arte. Os dois estavam construindo tudo, estavam noivos, moravam juntos e eram o casal, sendo gay ou não, que qualquer um que os conhecessem dizia ser o casal perfeito.
   A vida é mesmo uma montanha russa, pensou o dessedente de paquistanês ao se deitar na grande e confortável cama que existia no quarto. Há anos atrás aquela realidade que viviam hoje seria dita como impossível, nem mesmo eles acreditavam naquilo tudo, porém ali estavam Liam e Zayn, tendo uma daquelas brigas bobas que casais que muito se amam tem de vez em quando, apenas para poderem se reconciliar de alguma forma mais tarde.
   -Você é tão irritante Liam, me odeio por amar até isso em você. -A confissão foi dita em sussurros, como o velho habito que o acompanhava por anos, antes de que seus olhos se fechassem e Zayn caísse no seu profundo e calmo sono de sempre.
   Durante a noite Liam dedicou alguns longos minutos para pensar sobre a briga, tentando encontrar argumentos verdadeiramente fortes para convencer Zayn de que ir a casa de Perrie era uma má idéia. Checando as horas ele viu que já se passava da meia noite, então já era sábado... Pela manhã o moreno se levantaria e partiria para Bradford visitar sua amiga e com um sorriso no rosto Payne foi se deitar ao lado do parceiro adormecido. Perrie passaria o final de semana ao lado de Zayn, mas Liam iria provar e esfregar na sua cara a quem Malik pertencia.

- Na manhã seguinte ...

   Liam acordou mais cedo do que o habitual, agradecendo mentalmente por não ter feito nenhum ruido enquanto se levantava e ia ao banheiro, para fazer rapidamente a sua higiene matinal. Quando tudo estava feito e ele se encontrava devidamente limpo e cheiroso, da forma que sabia agradar ao pequeno adormecido em sua cama, ele voltou ao quarto e se certificou de que nada havia mudado.
   -Sweetheart'? -Sussurrou Liam próximo ao ouvido de Zayn, que ainda estava deitado de bruços na cama grande e de lençóis brancos- Hey', Zaz, acorde. -Ele insistia cutucando de leve o ombro do noivo- Okay, faremos isso da melhor maneira então.
   Tentando não alertar Zayn do que pretendia fazer ele apenas retirou o cobertor, também branco, que o impedia de ver o corpo completo do amado, se surpreendendo e alargando mais o sorriso malicioso ao perceber que o outro estava completamente nu, com as nádegas macias e redondas expostas para ele, que não conteve o seu membro, tendo que arruma-lo na cueca boxe preta, que era a única peça em seu corpo.
   Se havia algo no mundo que deixava Liam Payne descontrolado era Zayn Malik. De todas as formas, modos e posições só ele conseguia enlouquecer a mente equilibrada de Liam ao ponto de deixa-lo tendo pensamentos violentos e imprudentes. Mas quem poderia resistir a Zayn e todos os seus encantos genuinamente inocentes? E ainda com aquela pele tão raramente encontrada em solo inglês, os olhos tão escuros que ficava difícil de decifra-los vez ou outra, a boca de contornos simples e lindos, os músculos desenvolvidos na medida certa, tudo. Tudo no corpo e na alma de Zayn fazia com que Liam tivesse certeza de que foram feitos para estarem juntos. Ele o amava mais que tudo e talvez essa seja a causa de não conseguir manter suas mãos afastadas do corpo quente que o outro possuía, deslizando as pontas dos dedos pelas costas relaxadas e se sentindo ainda mais satisfeito ao notar os cabelos rente a nuca se erguendo em reconhecimento ao toque.
   -Vamos Z, acorde. -Ele pediu novamente ao que dobrava o corpo sobre o do outro, grudando tanto o seu peito as costas quanto sua boca a orelha alheia, prendendo o lóbulo entre os dentes e o puxando de leve até que escapasse- Seja um bom menino, acorde sweeting'.
   -Li... -Zayn murmurou ainda zonzo, sentindo uma dificuldade terrível em abrir os olhos.
   -Sim? -Payne incentivou as palavras do outro antes de novamente morder e chupar seu lóbulo- Diga.
   -Eu já estou duro babe'. -Confessou o menor sentindo suas bochechas corarem, sorte que o travesseiro estava a disposição para que ele afundasse o rosto ali e fingisse que não havia dito aquilo.
    Entre todas as reações que Liam poderia ter sobre aquela declaração ele certamente teve a melhor, soutando um risinho convencido e erguendo um pouco seu corpo na cama para ver melhor o que podia fazer para ajudar o seu homem e se sentindo feliz ao ter a idéia perfeita.
   -Eu vou resolver isso para você Z. -Ele sussurrou novamente próximo ao rosto de Zayn, deixando que o mesmo sentisse tanto a sua respiração contra a sua nuca quanto o seu pau semi-ereto sendo pressionado em sua bunda desprotegida, o que estava o atiçando ainda mais, afastando o sono de uma maneira rápida e eficaz.
   Sem falar mais nada Liam pegou um dos travesseiros fofos e grandes que havia sobre a cama e o puxou para o seu lado, logo usando a mão firme para erguer os quadris de Zayn ao mesmo tempo que empurrava o travesseiro com a outra. Sendo assim ao repousar o pequeno mais uma vez na cama, ele estava perfeitamente empinado em sua direção, tendo como apoio somente o travesseiro contra seu membro já desperto.
   Por um segundo o maior pensou em parar tudo e fotografar a cena como uma bela recordação de uma manhã que prometia ser maravilhosa, mas ele não teria coragem o suficiente para ignorar o gesto provocativo do parceiro, que afastou significativamente as pernas deixando com que ele tivesse uma visão bem melhor da entrada pequena e rosada de Zayn se contraindo da forma que ele já conhecia bem, como se implorando para que ele colocasse algo ali. E era exatamente esse o plano, colocar tudo dentro de Zayn até que se sentisse satisfeito, dar ao noivo o suficiente para que desejasse mais e mais para o resto de suas vidas.
   -Você é perfeito Z. -Se permitiu admitir enquanto se colocava ajoelhado na cama em meio as pernas apertas do outro, passando as mãos atrevidas pelas panturrilhas e as sumindo pelas coxas roliças até que chegasse as nádegas tão admiradas- Eu poderia te tocar para sempre, te dar prazer a todas os momentos do dia. -Ele continuou a sussurrar ao mesmo tempo que espalhava beijos pela pele morena das costas, se permitindo lamber e chupar algumas regiões.
   -Faça isso babe'. -Murmurou Zayn de uma forma manhosa e lenta, com a voz fodidamente sexy que o mesmo possuía pela manhã- Me toque mais, me dê prazer. -Ele implorou usando toda a rouquidão que sabia deixar o outro perdido, além de empinar ainda mais seus quadris em direção ao membro já acordado em sua traseira, pressionando e rebolando da forma mais descarada que podia.
   E foi naquele instante que Payne sentiu a primeira fisgada em sua virilha, dando o alerta que não podia ser ignorado, o alerta de "Cuidado para não gozar antes da hora".
   -Eu vou te dar tudo o que você quiser.
   Depois disso Zayn se sentiu como geralmente se sentia em momentos como esse, como se fosse um rei, como se tivesse ao seu alcance todas as coisas boas da vida. E de fato ele tinha sim, tinha Liam com a sua respiração pesada e desregulada passando pela fenda entre suas nádegas, arrepiando todo o seu corpo quando enfim fez o que estava prometendo com palavras mudas desde que havia o acordado.
   Liam tocou o botão róseo e pulsante de Zayn com a sua língua quente e áspera, primeiramente apenas circulando a região com calma e delicadeza para depois fazer o que pretendia, chupando o local com vontade e forçando a língua para dentro do anel muscular que parecia nunca perder a força, sempre apertadinho e com as pregas firmes, como se Liam nunca houvesse o fodido antes.
   -Aaah babe', isso... -Zayn começou a arquear as costas e a se abrir mais, afastando as pernas até que os calcanhares estivessem em cada estremo da cama, deixando o outro com um sorriso largo de triunfo no rosto- Me chupa, p-por... f-aavor...
   E como sempre Liam não seria capaz de ignorar um pedido daqueles, nem se quisesse, então voltou a passar a língua pelas pregas de Zayn, aproveitando o quanto podia dos gemidos manhosos e pidões que o parceiro soltava a cada investida mais forte de sua língua ou quando a barba malfeita de Liam roçava a sua pele.
   Aquilo poderia durar mais, se fosse um outro dia ele com certeza não afastaria sua boca de Zayn até que o mesmo gozasse por toda a cama, porém o momento pedia outras atitudes assim como o pau de Liam pedia para se envolver na brincadeira, sendo assim ele levou as mãos para os quadris de Malik e o obrigou a deixar a posição preguiçosa para que ficasse de quatro a sua frente, ainda com a bunda rente ao seu rosto.
   -Implora. -Ordenou Payne pressionando o dedão da mão direita no orifício minusculo a sua frente, conseguindo que apenas o começo do dedo se afundasse ali, ganhando um gemido sôfrego do que estava entregue aos carinhos alheios- Implora para ser fodido pelos meu dedos, vamos Z, implora.
   -Aahhh Li... -Zayn meio que ronronou jogando a cabeça para trás e sorrindo pervertido, rebolando de leve na mão exigente do outro- Espere só para quando eu estiver por cima...
   -Mal posso esperar sweeting', mas agora é a sua vez de pedir, vamos, está perdendo tempo com tanto orgulho. -A voz calma e doce saia de seus lábios e chegavam até Zayn como choques elétricos, como se cada som descarregasse uma onda de eletricidade em suas veias.
   -Eu imploro Liam, me fode gosto... aah... is-isso, assim!
   Não deixando que ele terminasse se quer de pedir por aquilo Liam já posicionou o seu indicador no lugar onde antes estava o polegar e o enfiou até onde podia, sentindo todos os músculos daquela região apertarem seu dedo, o incentivando a fazer mais e melhor, logo juntando mais um dedo ali e os enfiando sem dó, tocando fundo para depois puxa-los de volta, ficando nesse vai e vem rápido e forte até que os gemidos de Zayn se tornasse gritos.
   -ÔH! -O menor gritou tentando se manter firme na posição em que deveria ficar, porém sentindo os joelhos fraquejarem a medida que o outro afastava os dedos dentre de si, o alargando o máximo que podia. Zayn amava sentir Liam o preparando daquela forma, amava quando ele mordia forte a carne de suas nádegas enquanto enfiava sem pena os dedos dentro de si, como estava fazendo naquele momento- Maa-iis... forte... maais f-f-orte! CARALHO, LIAM!
   E era assim que Liam gostava, era ver o homem que ele amava implorando por mais que o deixava louco. Ele adorava ter o prazer de Zayn nas mãos, adorava poder deixa-lo a ponto de gozar apenas usando seus dedos e boca, mas nada se comparava a sensação de deixar seu membro invadir o mesmo espaço pequeno que agora abrigava seus dedos. Foder Zayn era algo mágico, como descer ao inferno e logo em seguida ser puxado de volta ao céu. E foi por isso que ele não aguentou mais daquilo, porque aquela não era apenas uma tortura ao pequeno, era uma tortura a ele mesmo.
   -Ôh céus Zaz, você é tão gostoso. -Ele se viu falando ao que tirava os dedos de Zayn e se livrava o mais rápido possível da cueca boxe que parecia alguns números menores agora- Eu estou tão duro Z, e tudo isso porque preciso te foder.
   Foder, foder, foder, foder, foder...
   Zayn queria foder, queria sentir o membro grosso e grande de Liam invadindo a sua entrada que parecia a cada segundo mais oca. Ele precisa do pau de Liam ali, precisa senti-lo preenchendo cada espaço, dando-lhe aquele prazer intenso e tão almejado. A vontade era tão grande que ele mal pode se aguentar quando o membro de Liam finalmente havia o penetrado fundo, de uma vez só.
   -Huuuuum ii-s-isso! -O grunhido baixo saiu por entre os lábios secos- Mete mais!
   Claro que Liam o obedeceria, como não? Ele sempre daria prazer a Zayn, sempre estaria disposto a chupa-lo, fode-lo ou até mesmo abrir as pernas para ele. Eles eram assim.
   -Assim Zaz, rebola no meu pau, assim... -Liam gemia entre as bufadas de ar, enquanto as mãos empurravam e puxavam os quadris estreitos em direção ao seu membro, sentindo todo aquele calor e aperto envolta dele, sentindo sua glande tocar em um ponto macio que fazia o parceiro se contrair mais, rebolando mais, o dando mais desejo de meter até que sentisse seu pau quente, até que imundasse aquela entradinha com a sua porra. Céus, ele queria muito aquilo!
   E a velocidade aumentava a medida que Liam se sentia perto de gozar, Zayn sentia o seu membro pulsar e doer entre as pernas, como se todas as sensações e emoções fossem focadas ali. E como se tivesse lido a sua mente Liam levou sua mão direita ao pênis alheio, tocando a glande inchada e passando o dedão sobre a fenda em movimentos lentos e giratórios, pressionando a cabecinha e descendo para massagear até a base, subindo e descendo no ritmo das estocadas fundas e gostosas que faziam Zayn revirar o olhos e empinar a bunda. Aquilo era delicioso, ser fodido era delicioso e Malik queria gritar isso aos quatro ventos, queria que todos soubessem o quão bom era ficar de quatro para Liam, mas que só ele poderia fazer isso. Que aquele pau enterrado em sua entrada pulsante estaria ali todos os dias, que ele era dono daquele corpo musculoso pressionado ao seu, que Liam Payne o pertencia.
   -B-a... babe'... Eu... -Ele tentou avisar, entretanto o ar parecia não chegar aos seus pulmões e sua virilha se contraindo junto com sua entrada também não ajudava muito.
   De qualquer forma Liam não daria ouvidos, estava concentrado demais nos movimentos, em sentir suas "bolas" baterem contra a pele do parceiro, no som que aquilo fazia, nos gemidos, na sensação. Até que sentiu o pênis de Zayn inflar mais ainda em sua mão e a goza do mesmo se espalhar por entre seus dedos, que continuaram a massagear a área mesmo que mais lentamente.
   -Apertadinho demais, gostoso demais... -Sussurrou ao sentir enfim o próprio membro inflando ao mesmo tempo que a entrada do moreno parecia menor devido a forma como ele se contraia dessa vez propositalmente.
   E assim sua mente foi limpa de qualquer coisa, nada permaneceu além das sensação incríveis, do seu desejo pelo noivo, do amor que havia ali. Ele havia feito o que tanto desejava, havia preenchido Zayn com o seu gozo e se sentiu extremamente feliz com isso, ao ponto de se retirar de dentro do amado e no entanto notar seu membro ainda semi-ereto.
   -Merda... -Murmurou Malik antes de, em um movimento rápido e imprevisível, se erguer na cama e virar as posições, parando ajoelhado na frente de Liam, entre as pernas do mesmo- Você me arrombou Payne!
   -Huuum, e eu aposto que você está piscando até agora, louco por mais. -Retrucou Liam com um sorriso pervo e com a mente ainda nublada pelo prazer intenso.
   Não que Zayn também não estivesse assim, ôh, ele estava! Só que havia uma diferença entre os dois que a maioria das pessoas jamais adivinharia e que nem a sensação de prazer intenso poderia tirar daquela relação: Zayn, diferente de Liam, jamais acabava uma transa por baixo.
   -Estou louco para enterrar meu pau nessa sua bunda fofa babe'.
   Liam riu, já acostumado com a mudança que ocorria na personalidade de Zayn quando ele assumia o controle. Ele não se sentia amedrontado, sabia que tudo que o outo faria seria para dar-lhe mais prazer. Poderia confiar sua vida ao noivo, assim como havia confiado sua virgindade anal ao mesmo.
   Levando o riso de Liam como um claro incentivo Zayn usou suas mãos para afastar-lhe as pernas, o deixando aberto e exposto, como ele mesmo estava a algum tempo atrás. Como o parceiro, Liam era dengoso quando estava por baixo, gostava de palavras carinhosas e um pouco de provocação, óbvio. Gostava que o menor o acariciasse na região interna das coxas, que o apertasse vez ou outra e que fosse calmo e sensual, como estava fazendo agora.
   -É só pedir babe', estou esperando. -Anunciou o moreno com um sorriso descarado no rosto, com as mãos habilidosas perigosamente perto de membro já novamente ereto e duro do parceiro- Peça e eu farei o que você quiser.
   -Você não presta sweeting'... -Liam respondeu e travou o maxilar para impedir que um gemido arrastado saísse. Definitivamente o outro o tinha na palma das mãos- Me toque, me chupe, me foda como só você faz Zaz, por favor... -Ele pediu com a voz falha e quase nula. Se Malik não quisesse tanto ouvir aquelas palavras, provavelmente não as ouviria.
   Era tudo o que Zayn queria, ouvir o amado implorando assim como ele foi obrigado a fazer antes, ver a entrada de Liam piscar assim como a dele havia feito. No sexo ele era assim, não parava até que tudo estivesse resolvido.
   Com o sorriso ainda nos lábios Zayn se curvou e se pôs mais uma vez de quatro na frente de Liam, mas agora com o rosto virado na direção do membro pulsante do mesmo, o pegando com as mãos quentes e macias e começando a sua pequena vingança, subindo e descendo com calma, sentindo o calor emanar do corpo do amado assim como os gemidos que saiam por seus lábios.
   E Liam não tinha vergonha alguma disso, ele adorava tudo aquilo, adorava as mãos indo da sua glande até seus testículos, brincando o quanto podia com seu membro. Adorava observar a expressão maravilhada que Zayn tinha ao fazer isso, ele não desviava o olhar nem por um segundo sequer do pênis de Liam, parecia envolvido nos seus movimentos e a sua língua em meio aos dentes dava a sua expressão o mais perfeito ar de desejo.
   -Vamos, coloque essa língua no meu pau, eu sei que quer me chupar. -O maior disse com o sorriso lateral típico dele, mandando vibrações diretas para a ereção que se formava mais uma vez entre as pernas do outro, que satisfazendo o pedido que lhe foi feito curvou mais o corpo e colocou a língua para fora, a levando desde a base até a glande de Liam, colocando tudo na boca de uma vez só, deixando que Payne visse até mesmo estrelas.
   Nada se comparava ao oral de Zayn, aquela boca envolta de seu membro parecia ser o melhor lugar do mundo para se estar, tirando o que ficava em sua traseira, é claro. Talvez fosse as sugadas fortes na parte mais sensível de sua extensão, talvez como ele passava a língua pela fenda e depositava beijinhos ali, talvez até mesmo a forma obscena que ele colocava a língua para fora e batia com o seu pau na mesma. Não importava realmente o que era, porém nada mudaria o quão perfeito era o oral oferecido por Zayn.
   -Que delicia... -Liam gemia com os dedos já entrelaçados nos cabelos negros de Zayn, deixando-o se movimentar na velocidade de ele queria e observando admirado a forma como o parceiro engolia seu pau com vontade, deixando com que tocasse sua garganta, até se engasgando de leve devido aos movimentos, no entanto Liam estava sempre atento para não fazer tanta pressão a cabeça de Zayn contra o seu pau, afinal ele sempre media forças naquele momento por puro medo de ferir o menor.
   Tudo estava tão bom que os gemidos saiam autos e claros, todos clamando por mais velocidade, mais força, até que Zayn finalmente chegou onde queria, vendo o outro expedindo o seu pré gozo, a ponto de gozar de verdade mais uma vez, mas sem conseguir porque ele havia parado todos os movimentos.
   -Droga Zaz! -Liam gemeu frustrado e até com uma ponta de raiva.
   -Calminha Li, eu vou fazer algo melhor do que te deixar gozar na minha boca. -Ele estendeu dois de seus dedos a Liam- Chupe, mas chupe bem porque isso sera tudo o que você vai ter de lubrificação.
   E assim ele o fez, envolveu os dedos indicados por Zayn com os lábios, deslizando a língua como podia, sem nem por um segundo desviar o olhar dos olhos negros a sua frente, deixando o membro de Zayn a cada sugada mais duro, como se fosse o próprio que estivesse envolvido ali naquela boca pequeno e quente. Quando sentiu que já era o bastante Malik tirou os dedos da boca de Liam, sorrindo com o gemido que o outro deu em protesto.
   -Tenha paciência babe', e abra bem essas lindas pernas para o papai. -Pediu ao aproximar seu rosto do outro, deixando apenas um breve selinho ali, enquanto os dedos se posicionavam entre as pernas bem separadas de Liam e roçavam o seu botão igual ou até mais apertado do que o de Zayn.
   E sem esperar por um sinal ou algo do tipo o moreno empurrou seus dedos molhados para dentro do noivo, sorrindo presunçoso pelo aperto exagerado em seus dígitos, girando os dedos e observando de perto as reações de Liam, que abria mais as pernas, gemia e agarrava os lençóis.
   Zayn sempre achou lindo a forma que Liam era entregue, como ele não tinha vergonha de se dar inteiro em uma noite/manhã/tarde de sexo. Isso bom, ter o seu parceiro disposto a transar, foder, trepar ou fazer amor a qualquer hora, sempre completamente envolvido.
   Então ele se sentiu na obrigação de dar mais de si a Liam, em dar de uma vez o que ele implorava a sua frete, tirando os dedos de dentro dele e levando seu membro ao anel quase fechado, roçando apenas a cabecinha ali e vendo os músculos se contraírem ao que os gemidos do amante chegavam ate seus ouvidos, sentindo uma vontade absurda de xinga-lo de vadia, puta, de chama-lo de sua ninfeta. Mas ele não o faria, guardaria aquilo como uma diversão pessoal, faria do noivo a sua putinha, porém a putinha mais adorada que já existiu.
   E foi pensando assim que Zayn meteu todo o seu pau em Liam lentamente, vendo-o ser engolido por aquele buraquinho que se alargava ao seu redor e logo após o apetava, como se estivesse o sugando para cada vez mais fundo, a cada estocada mais além, até que finalmente ele havia encontrado a próstata do outro, o ponto macio que sua glande inchada surrava com tanta dedicação.
   -Ah, Liam... -Ele arfava com a cabeça apoiada no ombro a sua frente, chupando e mordendo a região sem ligar por estar deixando a pele branquinha marcada, assim como Liam parecia não estar ligando ao passar as unhas curtas violentamente por suas costas, deixando com certeza marcas terríveis- Q-quue... bura... quinho guloso babe'! Ôôh!
   E sabendo do quão gostoso era Liam o fez, se contraiu com vontade, ignorando o ardor na sua entrada, se contraiu como uma vadia sedenta, ao mesmo tempo que marcava a pele do noivo propositalmente por onde podia. Fez tudo o que sempre fazia, porém o fez melhor, até que o gozo de Zayn o preenchesse em cada lugar vazio ao mesmo tempo que os seus próprios jatos fossem lançados entre seus estômagos, sujando ambas as barrigas. Uma pena que os dois estavam tão perdidos em seus mentes frenéticas, no prazer que era jorrar sobre o outro, que não ligavam para isso.

POV Zayn Malik

   Sai de dentro de Liam com calma, tentando não machuca-lo de alguma forma. Sabia claramente que ele podia ser "o durão", para muitos o verdadeiro homem da nossa relação, mas também era o único a saber o quão delicado ele poderia ficar quando estávamos fazendo amor.
   -Me acorde dessa forma todos os dias, isso é uma ordem. -Brinquei me jogando ao seu lado na nossa cama, esticando o braço para a pegar a caixa de lenços que sempre ficava na comoda ao lado.
   -Estou pensando seriamente em provocar mais brigas só para poder de acordar assim no dia seguinte. -Liam disse rindo baixinho, parecendo sentir cocegas quando minhas mãos começaram a limpar sua barriga com a ajuda dos lenços, que eu ia descartando no pequeno lixeiro que ficava próximo a comoda- Nós vamos mesmo passar esse fim de semana em Bradford? 
   Olhei de canto de olho para o seu rosto de feições pensativas, tentando imaginar se um dia seria capaz de retrata-lo em alguma de minhas obras com tamanha perfeição. Eu o amava tanto, não queria deixa-lo em uma situação de constrangimento, não desejava brigar, mas queria que ele parasse de agir daquela maneira tão infantil. Ele e Perrie sempre se deram bem, claro que eu nunca me enganei, sabia que ele era ciumento e por mais que gostasse de Perrie não aprovava tanta aproximação.
   -Vamos baby', eu prometo que vai ser legal, vai ser como todos os outros dias em que ela esteve aqui. -Tentei convence-lo mais uma vez daquilo, mesmo que minhas esperanças já estivessem se esgotando.
   -Promete que não vi se esquecer de mim para ficar conversando com ela? -Pediu com uma sobrancelha erguida e com aquele bico que amolecia o meu coração ainda mais.
   -Prometo que vai ser como sempre. -Confirmei aproximando meu rosto do dele e sorrindo largo ao notar que ele também sorria- Faltam dez dias. -Sussurrei com meus lábios roçando os seus lentamente.
   -Como? -Liam me olhou com confusão, parecendo mais perdido do que nunca.
   -Faltam dez dias para o nosso casamente babe'. -Esclareci revirando os olhos.
   -Ôh! -Ele gargalhou alto e levou suas mãos a minha cintura, me puxando para perto de si- Parece irreal, não? Há poucos anos atrás eu achava que não poderia amar alguém novamente e hoje eu estou do lado da pessoa que eu mais amo no mundo, sendo tão feliz quanto jamais esperei que seria e de casamento marcado. É louco. 
   -Eu não acho. -Discordei encostando meu queixo nas minhas mãos, que estavam ambas sobre o peito de Liam, podendo observar perfeitamente todos os seus detalhes- Louco seria se não estivéssemos juntos, nós merecemos isso. Digo, merecemos tudo o que aconteceu de bom, sabe? Acho que foi uma vitória justa. -Sorri para os seus olhos caramelados que estavam grudados aos meus.
   -Como sempre, você tem razão. -Maneou a cabeça em negação, me confundindo um pouco- Você não deveria estar sempre certo Zayn. Perfeitinho. -Ele debochou e se controlou para não rir da minha cara, ele sabia que eu ainda odiava quando as pessoas sugeriam aquilo, que eu era "perfeitinho".
   -Eu não estou sempre certo Liam. -Retruquei com raiva, dando um tapa em seu peitoral, mas de leve, o fazendo rir- Seu bastardo, quero ver se vai sorrir quando eu lhe der um soco na cara. -Ameacei com a voz controlada e dura, o que o fez engolir o riso.
   -Desculpe Z. -Liam pediu manso, acariciando meu rosto e me deixando arrepiado com isso, admito- Sei que não gosta, só que para mim você é mesmo perfeito, sempre será.
   -Okay, talvez eu consiga conviver com toda essa admiração. -Disse com deboche, o arrancando mais uma risada, porém ele via o quão corado eu estava devido as suas palavras. -Eu te amo Liam. -Sussurrei como se lhe confessasse um grande segredo, mesmo que eu tenha lhe dito isso todos os dias e planejasse dizer até a morte.
   -Eu também te amo Zayn. -Ele disse com o rosto tão próximo ao meu que eu podia sentir sua respiração agora calma contra o meu rosto- Obrigado por concertar o meu coração.
   E então Liam finalmente me beijou de verdade, grudando nossos lábios e invadindo minha boca com a sua língua, me deixando aproveitar toda aquela sensação maravilhosa que era ser amado. Talvez ele nunca vá acreditar em mim quando o digo isso, mas não era só ele que estava partido quando nos encontramos. Eu posso ter feito muito para ele, só que ele também fez muito por mim. Nosso amor consertou nossos corações.

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Bem... Foi isso!
Sei que demorei horrores para postar, e que talvez não tenha ficado tão bom, mas queria que soubessem que fiz o que pude, dei tudo de mim para escrever isso e tomara que meu esforço valha algo.
Muito obrigada a quem leu, acompanhou e comentou, vocês são perfeitos! <3
Vou sentir falta disso, MUITO, eu amei escrever Fix My Heart!
Espero que tenham gostado também e que me acompanhem nas próximas fics que firam.
Adoro vocês! Xx.


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